Salvo pelo delegado camarada
Ministro George Hilton |
O novo ministro do Esporte, George Hilton, chegou ao primeiro
escalão de Dilma Rousseff debaixo de uma enxurrada de críticas. O fato de ele
não ser familiarizado com a área que passou a comandar – o que ele mesmo
admitiu em recente entrevista – foi a razão de uma das ressalvas feitas ao seu
nome. A outra decorre de seu passado marcado por atitudes, no mínimo,
questionáveis. Em 2005, Hilton desembarcou de um jato particular no Aeroporto
da Pampulha, em Belo Horizonte, transportando 11 caixas de dinheiro. Detido
pela polícia de Minas Gerais, o então deputado pelo PFL escapou ileso do
episódio, depois que o inquérito aberto contra ele foi arquivado no Supremo
Tribunal Federal. Esse é o principal argumento usado pelo novo integrante do
Ministério de Dilma quando sua conduta ética é posta em xeque. Entretanto, o
ministro omite que por trás da decisão do STF de livrá-lo da punição há uma
teia de manobras e tráfico de influência que inviabilizaram a apuração do caso
pelo Ministério Público Federal. O insucesso da investigação envolvendo George
Hilton e suas caixas de dinheiro teve um personagem decisivo: o delegado
federal Domingos Pereira Reis. Primeira autoridade a ser informada sobre o
flagrante ocorrido no Aeroporto da Pampulha, o delegado Pereira foi bastante
camarada com George Hilton.
Delegado Domingos Reis |
Ao estudar a fundo o processo, o
então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, concluiu que a
atuação do delegado em favor de George Hilton invalidou qualquer possibilidade
de apuração, tornando impossível o registro e o recolhimento de provas. Segundo
o procurador, a falta de registros e a liberação do interceptado sem
depoimentos ou quaisquer explicações formais impediram o trabalho do MP e da
polícia em busca de respostas para a origem do dinheiro e o real valor
transportado. Por isso, não houve como avançar nas investigações e o processo
foi arquivado. Antonio Fernando de Souza solicitou, no entanto, que a conduta
do delegado federal fosse apurada em um processo paralelo e conseguiu dar novo
fôlego às apurações.
Atendendo à orientação da PGR, o
Ministério Público de Minas Gerais acusou Domingos Pereira de “falta de
interesse de agir” no desempenho de sua função pública. Investigado, passou
três anos respondendo a um inquérito e tentando explicar o porquê de ter
livrado o deputado. Segundo os procuradores, Pereira não conseguiu convencer o
MP sobre a legalidade da sua conduta e tampouco encontrou amparo legal para
justificar a omissão. Por isso, o MP o acusa de uma sequência de atos que
figuram a condenável “camaradagem entre um agente público e um político”. O
caso rendeu desgastes em série para Domingos Pereira. Além de perder o cargo,
ficou anos sem desfrutar de qualquer prestígio na polícia, sendo criticado
internamente por colegas e subordinados. Em 2009, ele solicitou aposentadoria. (Com IstoÉ/conteúdo e fotos)
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