terça-feira, 11 de novembro de 2014

Crônica

Um pouco do mesmo. Apenas bem diferente (3)

Cesar Cabral*

Por que devo aceitar?

Como pode um presidente da república, renunciar o cargo para preservar seus direitos (!) políticos e depois ser eleito vereador? Por que devo aceitar um vice do candidato eleito por mim seu eu não votei nele? Por que devo aceitar que um
sujeito desconhecido, 4º suplente de deputado federal, por exemplo, assuma um mandato na Câmara no lugar do sujeito que eu elegi porque ele foi dirigir uma companhia estatal?

Por que devo aceitar que o vice de prefeito, governador e presidente da república assuma o poder quando o titular viaja para tratar de assuntos econômicos e políticos da minha cidade, ou do meu Estado ou do país? São dois sujeitos com poderes idênticos no mesmo cargo simultaneamente.

Por que devo acreditar em Tribunais de Contas responsáveis por examinar os
gastos dos agentes públicos, apontar irregularidades e superfaturamentos em
obras e serviços, e tentar evitar que recursos governamentais sejam desperdiçados, se “a maior parte deles” é escolhida por critérios políticos; muitos têm parentes importantes, e há pelo menos dez casos em que a Justiça os afastou da função após descobrir irregularidades, proibindo-os em alguns casos até mesmo de passar a menos de 100 metros da instituição que deveria zelar pela boa aplicação do dinheiro público? É como entregar meu dinheiro para o ladrão cuidar para que ninguém o roube. Conselheiros de Tribunais de Contas, além do salário, têm direito a carro com motorista, diárias, verba para aluguel residencial e até 14º e  15º salários. Y algunas cocitas mas, por supuesto – como se diz em bom portunhol.

Porque um (ou que seja uma) presidente da República deve se preocupar em
construir creches? Isso é tarefa de prefeito. Não sou médico nem economista
também, mas deles, de treinador de futebol e de louco, dizem, temos todos um
pouco.  Quem não sabe que se gastar mais dinheiro do que recebe vai ficar
devendo alguma coisa?  É burro ou perdulário. Quem disse que tirando o IPI do
preço dos carros aumenta o consumo e assim baixa a inflação? Aumenta a
inadimplência; já que o infeliz proprietário de um carro novo, lá pelo quarto ou
quinto mês, não consegue mais pagar a “prestação”. E tem mais. Muitas outras
coisas com as quais não concordo e sei lutar contra elas com o que tenho é o mesmo que dar murro em ponta de faca.

Se o Paraguai invadir o Brasil dando o troco pelo massacre e destruição que o
império brasilino perpetrou contra eles, - na época o país mais prospero da
America do Sul não dependendo do “apoio” financeiro de nenhum país europeu -
por ordem da Inglaterra, que financiava o Brasil desde D. João VI, aliado com a
Argentina -  corro para o Uruguai – que saiu da guerra quando percebeu que não tinha nada a ver com aquela estupidez – e vou morar em Piriápolis, com essa minha vergonha alheia.
* Jornalista e escritor

Nenhum comentário:

Postar um comentário