sábado, 15 de novembro de 2014

Opinião

Mudaram algumas moscas!

Machado Filho

Enquanto a presidente Dilma Rousseff participa, em Brisbane, na Austrália, da reunião do G 20, em Brasilia seus companheiros de governo estão atônitos com a forma e velocidade da Operação Lava Jato. Ontem (14), como se sabe, foram presos um ex-diretor da Petrobras e vários executivos das maiores empreiteiras brasileiras.

Diante da maior crise política desde que o PT assumiu o governo no Brasil, os governistas buscam uma estratégia para blindar a presidente. Ela começa com um discurso que pretende mostrar que Dilma foi a responsável pela demissão dos ex-diretores e que exige apuração completa dos fatos. Mais ou menos como se demitindo estivesse absolvendo o culpado e acabando com a sujeira. 

A presidente recebeu a informação sobre a ação da Lava Jato, quando acertava detalhes de sua participação no encontro da cúpula do G 20, com integrantes da equipe econômica do governo. Enquanto isso, em Brasilia, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, foi acordado pelo diretor-geral da PF, Leandro Daniello, às 6h30, para ficar sabendo que uma ação muito forte contra os principais financiadores de campanhas seria feita. Daniello avisou ao ministro que seria escancarado o esquema de corrupção na Petrobras. Não se sabe a reação de Cardoso, mas não custa lembrar que, ao ser reeleita, Dilma repetiu que não compactua com a corrupção e que determinaria investigações profundas, “doa a quem doer”. Presumo, então, que Cardoso deve ter dado todo o apoio.

De qualquer forma o Planalto, com as notícias da Operação, foi tomado por verdadeira perplexidade. Os assessores de Dilma temem tudo a partir das prisões, principalmente a possibilidade de que o posicionamento da presidente acabe por respingar nas gestões de Lula, já que os dois ex-diretores presos, Paulo Roberto Costa e Renato Duque, foram nomeados quando ele presidia o Brasil. E como ele e Dilma não sabiam de nada, é preciso ter cuidado para não dizerem o que não devem, mesmo estando bem treinados.

Outro fator preocupante é a entrada do nome de Marice Corrêa Lima, cunhada de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, na lista dos investigados. Marice é suspeita de participar do esquema de intermediação do dinheiro desviado da estatal para os cofres petistas. Ela teria recebido R$ 110 mil da OAS. Nunca é demais recordar que Vaccari Neto, além de tesoureiro do PT,ocupa uma das vagas de Conselheiro de Itaipu.

O certo é que um clima nada ameno espera pela presidente em sua volta ao Brasil. Dilma terá que nomear novos ministros, muitos deles pertencentes ao PMDB e PP, dois dos partidos mais envolvidos com as denúncias da Lava Jato. Como ainda não foram divulgados os nomes dos políticos envolvidos, fica mais difícil a missão da presidente. Afinal, ela pode indicar alguém que acabe sendo envolvido pelas denúncias. Dilma terá que se preocupar, profundamente, em não atingir Lula e, ao mesmo tempo, formar um ministério sem corruptos. Uma missão nada fácil.

O que nós, brasileiros, teremos pela frente, é uma interminável série de desmentidos, de não tenho culpa, nunca falei com Duque, não sabia, vou provar minha inocência e tantas outras desculpas esfarrapadas que, faz muitos anos, o brasileiro escuta, principalmente depois do surgimento do mensalão que, perto do Petrolão, é café pequeno. Se bem que, pensando melhor, ambos os escândalos andaram quase sempre de mãos dadas. Pode ter mudado alguma mosca, mas...!

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