Um dos editoriais do jornal Estado de São Paulo de hoje,
coincide com o início de mais uma etapa da Operação Lava Jato.
Hoje pela manhã
foi preso mais um ex-diretor da Petrobras, ligado ao PT e indicado por José
Dirceu, ex-ministro da Casa Civil. Vários diretores e pessoas ligadas a empreiteiras
que prestam serviço para a estatal,
também foram presos.
Será que Lula e Dilma seguirão tentado convencer aos
brasileiros, cansados de tanta corrupção, de tanta roubalheira, que não sabiam
de nada? Tanto sabiam que, quando falam no assunto, afirmam que querem a
apuração total dos fatos. Sabem do que foi feito e sabem, também, que tudo será
feito para que ambos sigam sem qualquer punição.
A leitura do Editorial do
Estadão, é imperdível.
Lula e Dilma sempre souberam
O ESTADO DE S.PAULO
14 Novembro 2014
Em janeiro de 2010, quando ocupava a Presidência da República e
Dilma Rousseff era ministra-chefe da Casa Civil, Lula vetou os dispositivos da
lei orçamentária aprovada pelo Congresso que bloqueavam o pagamento de despesas
de contratos da Petrobrás consideradas superfaturadas pelo Tribunal de Contas
da União (TCU). Lula sabia exatamente o que estava fazendo, tanto que se
empenhou em justificar longamente sua decisão, na mensagem de veto encaminhada
ao Congresso. E é impossível que Dilma Rousseff ignorasse o assunto, pois o
veto foi encaminhado ao Congresso pela Mensagem n.º 41, de 26/1/2010, da Casa
Civil.
Até um cego enxerga que os
governos petistas permitiram, quando não estimularam, as irregularidades na
Petrobrás. E agora está claro e confirmado que Lula e Dilma não desconheciam o
assalto à maior empresa brasileira. Tudo está registrado no Diário Oficial da
União.
As evidências são abundantes,
resultado do trabalho do TCU, da Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia
Federal (PF) e também do Congresso Nacional. E agora a empresa holandesa SBM
Offshore, fornecedora da Petrobrás, faz um acordo com o Ministério Público de
seu país pelo qual pagará US$ 240 milhões em multas e ressarcimentos para
evitar processo judicial por corrupção por ter feito "pagamentos
indevidos" para obter contratos no Brasil, na Guiné Equatorial e em
Angola. Os pagamentos incluem US$ 139 milhões relativos a contratos com a
estatal brasileira. No Brasil, o assunto já é objeto de investigação pela CGU.
Sempre que é questionada sobre os
sucessivos escândalos envolvendo a Petrobrás, Dilma alega que os
"malfeitos" aparecem porque ela própria "manda investigar",
como se o TCU, a CGU e a PF dependessem de ordem direta da Presidência da
República para cumprir suas obrigações constitucionais. Ao contrário de
"mandar" investigar, o governo tem feito o contrário, tentando, por
exemplo, esvaziar o trabalho das duas comissões de inquérito do Congresso ou
vetando medidas profiláticas como as sugeridas pelo TCU.
O vínculo do PT com a corrupção na
gestão da coisa pública não se explica apenas pela vocação de notórios
larápios, mas principalmente pela marota convicção de que, num ambiente
dominado pelos famosos "300 picaretas", é indispensável dispor sempre
de "algum" para ajeitar as coisas. Em outras palavras: a
governabilidade exige engrenagens bem azeitadas.
Pois foi exatamente com esse
espírito que Lula, com o óbvio conhecimento de Dilma, ignorou solenemente o
acórdão do TCU que apontava graves irregularidades em obras da Petrobrás e
vetou os dispositivos da lei orçamentária que, acatando a recomendação do
Tribunal de Contas, impediam os repasses considerados superfaturados. Só com
isso, Lula permitiu a liberação de R$ 13,1 bilhões para quatro obras da
Petrobrás, dos quais R$ 6,1 bilhões eram destinados à construção da Refinaria
Abreu e Lima, em Pernambuco.
Ao vetar, "por contrariedade
ao interesse público", os dispositivos da lei de meios que coibiam a
bandalheira, Lula argumentou que a aceitação das recomendações do TCU sobre as
quatro obras implicaria "a paralisação delas, com prejuízo imediato de
aproximadamente 25 mil empregos e custos mensais da ordem de R$ 268 milhões,
além de outros decorrentes da desmobilização e da degradação de trabalhos já
realizados". Ou seja, a corrupção embutida nos contratos da Petrobrás,
comprovada pelo TCU, seria um mal menor. Perfeitamente aceitável para quem
acredita e apregoa que "excessos de moralismo" são coisas de
"udenistas" e "burgueses reacionários".
Mesmo se admitindo - só para
argumentar e na mais indulgente das hipóteses - que o veto de Lula, afinal,
tenha beneficiado o interesse público, é o caso de perguntar: o que foi feito,
daí para a frente, para coibir os notórios "malfeitos" na Petrobrás?
Os operadores da bandalheira permaneceram rigorosamente intocados, enriquecendo
e distribuindo o dinheiro da Petrobrás para políticos amigos até o fim do
mandato de Lula.
Depois de assumir o governo, Dilma
jamais deu importância ao assunto publicamente, limitando-se a garantir que
"mandou apurar" tudo.
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