quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Bom Dia!

Tá preto o olho da gateada!


Tenho acompanhado, no Blog do Prévidi, o drama que funcionários da RBS estão vivendo nos últimos dias, pressionados por informações de que muita gente será demitida. 

Ontem, lamentavelmente, as demissões começaram na Rádio Gaúcha. Três repórteres, dos melhores, diga-se de passagem, foram demitidos: Évelim Argenta, Álvaro Andrade e Cristiano Goularte. Parece que outras demissões estão previstas para as próximas horas atingindo, principalmente, o pessoal que trabalha na TV COM
Fico pensando, como jornalista, no futuro que está reservado, por exemplo, aos vários estagiários de jornalismo que trabalham ao meu lado. Que mercado de trabalho espera por eles quando deixarem a universidade? 

Daí, sou obrigado a lembrar do império chamado Caldas Júnior, que foi desmoronando aos poucos, desempregando centenas de profissionais. No espaço deixado pela empresa de Breno Caldas, foi crescendo a RBS, sob o comando de Mauricio Sirotski.

Aos poucos a empresa, familiar como a de Caldas Júnior, foi estendendo seus tentáculos que acabaram deixando um rastro de desemprego em muitas cidades do interior do RS e em Santa Catarina. Criaram novas vagas, reconheço, mas acho que só no começo. Aos poucos, a contenção de despesas foi sendo aplicada.

Hoje há quase que um monopólio exercido pela RBS nas comunicações do Estado. Zero Hora, RBS TV, Rádio Gaúcha, são exemplos de domínio absoluto de leitores, telespectadores e ouvintes, nem sempre preocupados com a qualidade do que estão lendo, assistindo ou ouvindo.

Vou falar sobre a Gaúcha, cuja programação vem decaindo muito nos últimos tempos. A saída, via demissão ou aposentadoria, de profissionais consagrados, foi abrindo espaço para uma programação repetitiva, enfadonha e sem compromissos com a qualidade do produto final.
Já falei aqui, que escutar a Gaúcha às 7 ou às 10 da manhã, ao meio dia, 3 da tarde ou 18 horas, da no mesmo. O que se ouve no começo da manhã é o que vai se escutar no final da tarde. As mesmas notícias, as mesmas entrevistas, as mesmas gravações. Agora, para piorar, inventaram uma tal de participação do ouvinte que, no meu entender, serve apenas para preencher espaço e reduzir  trabalho para os produtores. 

Seja sincero, meu amigo, e responda que interesse tem para o ouvinte saber que fulano de tal mandou um torpedo elogiando o apresentador ou passando uma informação que, muitas vezes, não corresponde à realidade? As pessoas mandam o recado e ficam com o rádio ligado, esperando para ouvir seu nome no ar. Só isso.

A gente escuta o Macedão, por exemplo, dando as informações do começo da manhã e, logo depois, entra o noticiário em que o apresentador diz: “Você vai saber agora”, e repete tudo o que a gente já tinha escutado mais cedo. 

Definitivamente, a Gaúcha, para não falar em RBS, está seguindo os passos cambaleantes que levaram o império da Caldas Júnior para o caminho do fim.
Ou, como se diz lá em São Gabriel, tá preto o olho da gateada!

Tenham todos um Bom Dia!

Um comentário:

  1. Amigo Machado somos de outro tempo e de outro tipo de exercício do jornalismo. Eu percebi que do jeito que as coisas se encaminhavam os "antigões" perderiam emprego num futuro não distante além dos salários que minguavam ano a ano... Cheguei a ganhar bem no jornalismo e em alguns momentos em dois e até três empregos (alguns sem compromisso de carga horária) a respeitável quantia de 10 salários mínimos da época, algo impensável para 99% dos profissionais de hoje. Mas eram outros tempos e outros patrões que pagavam bem para terem os melhores em seus quadros e isso tinha que ser provado todos os dias. A família aumentou, o dinheiro minguou e o sonho de trabalhar na profissão apaixonante foi trocada pela pragmática busca de melhores rendimentos para suster a prole de cinco, depois sete filhos... não programados, mas todos igualmente amados e cuidados da melhor forma possível. No atendimento desta necessidade atuei na área educacional (pagava pior ainda) e após numa micromepresa de alimentos. Ganhei dinheiro e qualidade de vida já que tive a oportunidade de instalar minha pequena fábrica as margens da BR 392 na bela zona rural de Pelotas, mas ser empresário não era o meu "forte" e após me dedicar ao Terceiro Setor voltei a contabilidade minha primeira profissão e formação em nível técnico. Hoje vejo que a decisão foi acertada apesar de dolorida. Não sei se teria forças para superar uma demissão após 35 anos de trabalho nos dias de hoje. As trocas de atividade laboral me fortaleceram e me tornaram um sobrevivente... se tivesse no jornalismo não sei se teria me atualizado e me preparado para as novas linguagens de comunicação que se multiplicam velozmentes sendo que a novidade de hoje é ultrapassada em até seis apenas por outra mais ousada e com linguagem e tecnologias diferentes... É isso. Fica registrada a minha solidariedade aos colegas que, apesar de suas inquestionáveis qualificações, ficarão sem emprego e quiçá sem mercado de trabalho... Nesta hora fica difícil falar qualquer coisa que realmente ajude, até para um jornalista faltam palavras...

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