Capitão Machado
Meu pai nasceu no dia 11 de setembro de 1903. De família
muito pobre, buscou o Exército como forma de poder sobreviver. E foi galgando,
desde soldado, praticamente todos os postos da carreira militar. Quando morreu,
meu pai era major e foi promovido a coronel.
Meu pai e minha mãe, Dona Célia, geraram nove filhos. Uma
faleceu com menos de um ano de idade, então meu pai passou sua vida lutando
para criar os oito filhos que continuaram ao lado dele até sua partida. Foi uma
vida dura, eu sei, mas cercada de muito amor, de muito carinho e,
principalmente, de muito respeito. Meu pai nos ensinou todas as regras do
respeito que se deve a tudo e a todos. Acho que trouxe para dentro de casa, um
pouco do regime militar, sem ser um milico na educação da gente.
Hoje acordei cedo e fiquei pensando na figura forte e
corajosa de meu pai, sentado na cabeceira da mesa, fazendo da cadeira seu trono
de verdadeiro monarca entre a família. Nunca teve pose de rei, mas reinou
soberano entre nós.
Fumante durante toda a vida, meu pai acabou sofrendo uma
trombose que contribuiu para que um câncer de pulmão apressasse sua partida.
Nunca vou esquecer que, proibido de fumar pelos médicos que tratavam dele, meu
pai, já em seus últimos dias, parecia implorar por um cigarro. Foi quando meus
irmãos mais velhos perguntaram aos médicos se um cigarro, um só, traria maiores
problemas. Informados de que nada tornaria as coisas piores, meus irmãos
concederam a ele a alegria de, em pleno Hospital Militar, saborear o cigarro
que, de certa forma, passou a vida encurtando seus dias.
Hoje lembro de meu pai com todo o carinho e toda a saudade
do mundo e, quando fecho os olhos, vejo sua figura morena com a farda que usou,
orgulhosamente, por quase toda a vida.
Saudade, muita saudade do meu velho Capitão Machado!
Tenham todos um Bom Dia!
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