sexta-feira, 25 de abril de 2014

O futebol e a Fifa do futuro

Jornalista imagina o futebol e a Fifa em  100 anos (II)
 Em maio de 2004, quando a Fifa chegou ao seu centenário, a revista Fifa Magazine publicou um texto do jornalista suíço Martin Born tentando responder – com criatividade e bom humor – algumas perguntas em relação ao futuro: como será o futebol nos 100  anos seguintes? Qual vai ser a melhor seleção do mundo? E o craque? Quais serão as mudanças tecnológicas? O que vai acontecer na Copa de 2104? O título é “Os próximos 100 anos da Fifa – A Revolução  do Kaiser”.

O campeão mundial China

Josef Franz Kaiser – nome que figurava no registro civil – nasceu em 2024. Devia a sua existência à lucidez  do seu pai, que havia renunciado ao seu cargo de presidente da Fifa um ano antes de seu nascimento. Essa renúncia foi voluntária, conforme disse, para dedicar-se a outras atividades. “Um quarto de século é suficiente”, costumava dizer. Teve que retirar-se por pressão dos poderosos chineses, assim insinuaram alguns incorrigíveis jornalistas ingleses que já no passado haviam tentado desacreditá-lo. Conforme se comentava, após o seu segundo título mundial os chineses insistiam obstinadamente em que 100 milhões de futebolistas em seu país tinham o direito de que o presidente fosse um chinês. Além de tudo, já tinham mesmo a maioria no G-55.

O presidente demissionário admirava o futebol chinês, fortemente influído pelo mundo do circo, com todas as suas ações acrobáticas e combinações desequilibrantes nas quais a bola nunca tocava o chão. Também faziam pirâmides humanas erigidas vertiginosamente a título de barreira em situações de tiro livre, e séries de saltos mortais, etc. Contudo, temia o iminente desaparecimento dos valores tradicionais, e o desmoronamento das regras do jogo, temores que rapidamente se confirmariam no futuro.

Como presidente, havia se pronunciado contra todo tipo de manipulações. Lutava na primeira fila contra a dopagem – que no futebol não aporta nenhuma vantagem – e se opunha veementemente a que nos laboratórios clandestinos da selva sul-americana se clonasse os futebolistas mais renomados do mundo, desde Pelé, Zinedine Zidane até Tsin Too, o máximo goleador do último Mundial disputado no Qatar.

Quando estava no piso 83 da Torre Prata com vista ao lago, o kaiser Josef Franz pensava seguidamente nesta exceção que o seu pai se havia permitido para o bem de toda a humanidade. Como carismático futebolista tinha contribuído com fervor para que – nos anos 40 – a Europa se recuperasse do seu insignificante papel no futebol mundial, abrindo caminho entre o domínio afro-asiático. Desse modo, não carecia de lógica que ao término de sua carreira desportiva tivesse passado de imediato a ocupar o cargo de presidente da Fifa.   

Próximo capítulo:
World Soccer Channel

Texto: Claudio Dienstmann

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