segunda-feira, 10 de março de 2014

Comentário

Quem ama, vence o medo e protege!
André Machado*

A partir de hoje, o governo federal começa a disponibilizar pela primeira vez uma vacina contra o vírus papiloma humano. O HPV é considerado a principal causa do câncer de colo de útero e é transmitido por relações sexuais.
A notícia da aplicação massiva e gratuita da vacina, que tem 98,8% de eficácia na prevenção ao câncer é, no mínimo, uma vitória no campo da saúde pública, da cidadania. É quase certo que, ao tomar a vacina, a pessoa fica protegida contra este mal. E, mesmo assim, a medida causa polêmica.
A questão é o público-alvo: meninas de 11 a 13 anos de todas as classes, de todas as crenças, de todas as tribos. Ou seja, nas redes pública e privada de ensino. O Ministério da Saúde pretende aplicar as vacinas nas próprias escolas, e sugere que pais e educadores aproveitem a campanha para cuidar mais de perto da educação sexual, especialmente no que diz respeito aos métodos contraceptivos e às doenças sexualmente transmissíveis. Funcionando o cronograma, a idade mínima baixa para nove anos, em 2015.
Sempre pensei que fosse um preconceito meramente moral. Mas começo a pensar que se trata de uma barreira mais generalista, cruelmente democrática, que pode atrapalhar o juízo de muita gente. É uma questão antropológica.
Talvez seja difícil a muitos pais acompanhar a transição das filhas de um mundo a outro, dos assuntos de criança ao mundo adulto e seus riscos. Mais difícil ainda é sabê-las catalogadas dentro da faixa etária que constitui um público-alvo e ponto.
Isso significa encarar uma realidade que pode ser tão dura quanto os protocolos das políticas de saúde pública. “Mas é uma menina! Minha filha ainda não tem nada a ver com isso”, pode-se pensar. Ou, então, “para mim, minha filha ainda é uma criança e, mesmo assim, já é obrigada a conviver com os perigos do mundo adulto”. Mais difícil ainda é quando, como neste caso, esses perigos têm a ver com contato sexual.
Às vezes, dói saber que nossas crianças estão em constante crescimento. Sei lá por quê. Talvez Freud explique, com o perdão do clichê. Mas de uma coisa eu tenho certeza: quem ama de verdade vence o medo da passagem do tempo. Quem ama, educa e protege.
Uma ótima semana.
Aproveite o dia.
*Jornalista


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