quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Artigo

Os protestos estão voltando às ruas do Brasil, enquanto Dilmão abocanha bacalhau em Portugal.

César Cabral*

Quem lê pelo menos um jornal por dia, assiste um noticiário em qualquer canal de TV, não deve perceber a maneira como determinadas notícias são publicadas, como observa quem é do ofício. Certos assuntos “vivem” mais tempo do que outros. Não passam de três ou quatro, o que já é suficiente para aumentar a venda avulsa e índices de audiência. É claro que também certos assuntos e “otras cositas más” não se noticiam. O assunto da vez já foi o sumiço que deram no Amarildo. Porém no topo do noticiário das lesmas lerdas de sempre o destaque já foi para a chatíssima da Marina da Floresta que acreditava que os marineros são mesmo mais de 20 milhões. Não deu nem pro gasto! A tal de Rede tá assim de furos; onde sei viu rede sem furos, ora bolas! Bagre ficou, mas lambari passou de vez.
O Paulinho da Força juntou o que deu de gente e fundou o Solidariedade. Parte da imprensa diz que ele filiou até defunto. Agora ele é o Pawla Solidarnosc (pronuncie como os poloneses: Pavla Solidarnosti); uma espécie de Lech Walesa, que até elegeu-se Presidente da República da Polônia. 
Mas nós já temos o nosso sindico trabalhista que por oito anos presidiu o Brasil diretamente e que agora preside indiretamente através do Dilmão.
Também é notícia, o Menino do Rio, o Aécio, que acha que é herdeiro dos votos do vovô Tancredo, assim como também delira o Dudu, neto do vovô Miguel. No Brasil de hoje não se transferem votos. Votos não são mais herança política. Quem passou a vida votando no mesmo candidato, e votou noutro quando ele mandou, já morreu. O eleitor do Século XXI é impaciente, tuítico, facebooker, internético e só é pescado em Rede Social.
A fora tudo isso, entre os principais assuntos da imprensa estão os protestos de rua, que depois de uma pausa estão de volta. É claro que protestos sempre houveram; mas os de junho do ano passado foram diários, em quantidade maior do que já se protestou em uma década, só que não esvaziaram os estádios de futebol – Arenas – que estiveram tão cheios de gente quanto às ruas.
Daquele mês pra cá se protesta contra qualquer coisa; os brasileiros estão protestando como nunca se viu. E protestante não tem meio termo: é contra ou é a favor. Com ou sem razão – e às vezes até sem um bom motivo, coisa que valha a pena – acampam nas praças, interditam ruas, avenidas e até rodovias; juntam qualquer coisa que sirva de barreira contra a polícia, e com a “ajuda” dos Black Blocs, destroem, saqueiam incendeiam automóveis e ônibus; fazem o diabo.
Protestar livremente é da democracia, por óbvio. E enganar o povo também. As ditaduras não enganam ninguém. Se for contra, ela prende, tortura e mata. Não dão satisfação a ninguém e o povo sabe com quem esta lidando; nessa nossa “democracia” não. Não sabemos quem faz o que e o que fazem. Não sou a favor de ditaduras; fui vítima dessa última e não gosto de títulos e rótulos: sou apenas gremista.
Dilmão (vou ser processado por isso!) o único gaúcho nascido em Minas Gerais governa o país sob o comando do Lula com a Constituição Imperial de l824 que, além dos três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário tinha também, e acima de todos esses, o “Poder Moderador, privativo do Imperador, a chave de toda a organização Política, e é delegado privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia dos mais Poderes Políticos.”
A Constituição anterior, chamada Constituição da Mandioca porque só votariam e seriam votados os ricos, a elite cujas altas rendas anuais deveriam ser calculadas em alqueires de farinha de mandioca. Algumas emendas eram marcadas pelo lusofobismo, propondo o afastamento de portugueses que ocupavam cargos no governo, e até a sua expulsão do Brasil. Não chegou a ser promulgada, seria liberal-iluminista e limitava os poderes do Imperador, Dom Pedro I, que, por isso acabou com a constituinte e mandou fazer outra. A
primeira Constituição brasileira nem chegou a ser feita.
A outra Constituição, promulgada em 1824, fundia o constitucionalismo europeu, antiabsolutista por excelência, com o absolutismo monárquico pretendido pelos estadistas aderentes do Imperador Pedro I. Um paradoxo genuinamente brasilino.
A Constituição atual, dita cidadã por Ulisses Guimarães, “não agrada” o PT. Quando foi promulgada em 1988, o PT sob a liderança de Lula, seu Deputado Constituinte disse que “o Partido dos Trabalhadores, por entender que a democracia é algo (Não é “algo”. É, sim, uma forma de governo, um sistema político!) importante, vem aqui dizer que vai votar contra esse texto, exatamente porque entende que, mesmo havendo avanços na Constituinte, a essência do poder, a essência da propriedade privada, a essência do poder dos militares continua intacta nessa Constituinte.”(O que será que o apedeuta quis dizer com “a essência”?) Assim falou torto com seu “português” vesgo.
Por isso, talvez, quando o PT chegou ao poder adotou a Constituição Imperial de l824 na República Federativa em 2003 sendo ele, como Presidente, o Poder Moderador.
Assim Dilmão, que cumpre o quarto mandato de Lula, faz o que quer. Na outra vez que fez essa tal de parada técnica em Portugal, ela foi comer bacalhau na cidade do Porto, sem avisar ninguém; nem o governo português e muito menos ainda o prefeito da cidade. A correria foi geral. Dilmão chegou batendo os tamancos depois que voltou da Alemanha, isso em 2012. É que a Primeira Ministra Ângela Merkel, não gostou da empáfia e da arrogância da ex-guerrilheira. Na TV alemã a Primeira Ministra declarou numa entrevista: “Essa senhora vem à Alemanha nos dizer o que fazer? Ora, a Alemanha vai bem, obrigada apesar de tudo. Mas vou aproveitar para dar um conselho à ela... antes de vir aqui reclamar das nossas políticas econômicas, por que ela não diminui os gastos do governo dela e os juros que são exorbitantes no Brasil? Se eu posso emprestar dinheiro a juros baixos para o meu povo, e o meu povo pode ganhar juros absurdos lá no país dela, não sou eu que direi ao meu povo que não faça. Ela que torne a especulação no país dela menosatraente." **
Dilmão esbravejou: “quero comer bacalhau!” E fizeram uma parada técnica na cidade do Vinho do Porto. No restaurante escolhido ela não quis comer o famoso e original prato da cidade o Bacalhau à Gomes de Sá. O Chef resolveu então preparar um prato especial: o Bacalhau da Dilma. Uma delícia. O segredo, explicou o Chef é que “o grelo é comestível enquanto está tenro. Quando a flor desabrocha o grelo endurece e já não é possível o seu consumo, pois não amolece por muito mais que se coza.”
É isso! Sim senhor, é isso! O Bacalhau da Dilma tem grelo
comestível e tenro!
*Jornalista e escritor

**http://www.manager-magazin.de/politik/we

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