terça-feira, 12 de novembro de 2013

Cláudio Dienstmann

Vem aí o Blog
O jornalista Cláudio Dienstmann, que tem um dos maiores acervos sobre futebol no Rio Grande do Sul, homem de seis copas do mundo, vários livros publicados e milhares de histórias, está preparando um blog onde pretende dividir tudo isso com seus leitores. 
Enquanto o blog está sendo montado, me libertou algumas de suas histórias para que eu compartilhe com vocês. Começo com uma do Dunga, sensacional!

Dunga no asilo
Dunga era patrocinado pela Coca-Cola e um dia, em meados de 1999, recebeu da empresa 500 caixas de bonequinhos de plástico Dunguinhas. Só que cada caixa tinha 1 mil Dunguinhas, e de repente a garagem do Dunga ficou inteiramente inundada com 500 mil – meio milhão – de bonequinhos. O que fazer para limpar a área e poder de novo colocar o carro na garagem?
Problema exposto, sugeri uma solução ao menos parcial, e principalmente prática: palestras de 20 minutos do Dunga em escolas, ele daria um bonequinho a cada criança e professor e professora, conseguiríamos também fotos dele para autógrafos, e o pessoal entraria com um quilo de alimento não-perecível para asilos e outras instituições beneficentes. Feito!
Fomos a uma dúzia de escolas, o Dunga resmungando quando os intervalos eram maiores, algumas vezes levamos o Pedro Ernesto, e na maioria delas arrecadamos 1 mil quilos de alimentos por visita – uma tonelada! Já vinha um caminhãozinho da instituição e levava tudo direto para o Pão dos Pobres, o Amparo Santa Cruz ...(fico pensando em algumas promoções que chamam  artistas e outras personalidades e conseguem juntar 500 quilos, e o capitão sozinho batia na tonelada).  
A primeira visita, o início, foi mais modesto. O Dunga foi a um colégio pequeno, o Salvador Canellas Sobrinho, em Gravataí, falou principalmente sobre responsabilidade, distribuiu bonequinhos, deu autógrafos, pegou os 200 quilos de alimentos que a turma trouxe, botou na sua própria caminhonete e rumou direto para um asilo com 35 velhinhos. Era comida para semanas! 
No asilo, um velhinho de 80 amos, de São Borja, contava ter sido técnico de futebol e tinha um conselho tático para o Dunga: 
 –  Fica lá dentro da pequena área para fazer o gol de cabeça – aconselhou.     
– Mas com esse meu tamanhinho?  – protestou Dunga. 
A 10 de novembro daquele mesmo ano de 1999 o Inter ganhou do Palmeiras por 1x0 no Beira-Rio e escapou da segundona com aquele cabeçada – dentro do gol – do Dunga, que lembrou da história e já no dia seguinte voltou ao asilo em Gravataí. Foi recebido já no portão pelo velhinho, que estava de braços abertos e berrando: 
– Viu? Eu não avisei?


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