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Copa dividiu 1950 com a volta de Getulio Vargas

Getulio Vargas e Salgado Filho, em 1950

O correspondente da revista “O Cruzeiro” em Porto Alegre, jornalista e escritor Josué Guimarães, teve muito trabalho em 1950 tratando de duas tarefas bem diferentes. Uma foi cobrir os jogos locais da Copa do Mundo – Iugoslávia x México e Suíça x México – e as atividades das seleções na cidade. A outra foi acompanhar a candidatura de Getulio (sem acento no u!) Vargas na sua volta à presidência da república, começando por seguidas viagens de “teco-teco” às fazendas Itu e Santos Reis, na fronteira oeste gaúcha.

A Copa de 1950 foi disputada durante os 23 dias de 24 de junho a 16 de julho, e a candidatura de Getulio para a volta à presidência – que ele havia ocupado de 1930 a 1945 – foi lançada a 15 de junho pelo governador de São Paulo, Ademar de Barros, homologada a 16 pela convenção nacional do PTB no Rio de Janeiro, e registrada a 26 de julho, com a Copa já terminada.

Dia 9 de agosto Getulio chegou a Porto Alegre e fez um comício no Largo da Prefeitura, e depois viajou a São Paulo, Rio (onde estabeleceu a sua base), norte e nordeste (Belém e Salvador, por exemplo), voltou ao Rio e fez comícios também em Volta Redonda e Petrópolis, percorreu Minas Gerais – Uberaba, Uberlândia, Governador Valadares, Juiz de Fora –, e terminou a sua campanha nacional em Cuiabá e no interior de São Paulo, especificamente em Campinas, a 16 de setembro.

Aí, Getulio retornou ao Rio Grande do Sul, e acompanhado pelos seus candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, Ernesto Dornelles (substituindo Salgado Filho, falecido em acidente aéreo em São Francisco de Assis dia 30 de julho), e ao senado, Arlindo Pasqualini, começou um alucinado roteiro de 11 dias com discursos em 23 cidades do interior: dia 20 de setembro (data Farroupilha) em  Erechim e Passo Fundo, 21 Carazinho e Santa Maria, 22 Cachoeira e Santa Cruz, 23 Caxias e Estrela (Feliz foi cancelado por estafa), 24 São Jerônimo, Butiá, Arroio dos Ratos e Bento Gonçalves, 25 Pelotas, 26 Rio Grande e Jaguarão, 27 Bagé e Uruguaiana, 28 Alegrete e Livramento, 29 São Gabriel, Cruz Alta e Santo Ângelo, e dia 30 encerramento na sua São Borja. As viagens foram feitas num avião de João Goulart, com convidados da imprensa, e os discursos – transmitidos pelas rádios Gaúcha e Farroupilha – taquigrafados e reproduzidos integralmente no dia seguinte pelos jornais “Correio do Povo” e “Diário de Notícias”.

Getulio Vargas criou em 1936 a Rádio Nacional do Rio de Janeiro – para divulgar a música brasileira e o futebol – e em 1941 o Conselho Nacional de Esportes, CNE, hoje CND. Seus discursos no Dia do Trabalho, 1º de maio, eram sempre no Estádio de São Januário, do Vasco, e seguidos de um jogo de futebol. Seu irmão Benjamim foi admitido como sócio do Inter em 1917, e a filha Alzira foi a madrinha da seleção brasileira da Copa do Mundo de 1938, tirando fotos com os jogadores para arrecadar o dinheiro do viagem à França. No dia 13 de novembro de 1952, mesmo isolado em seu retiro temporário na fronteira, Getulio recebeu a visita de um dirigente do Grêmio, César Orsini, que lhe mostrou – e também a João Goulart – a maquete do Estádio Olímpico. (Cláudio Dienstmann)