Lucro das empresas de consumo será corroído no 2º semestre
Na temporada de balanços
das companhias abertas, que começa na segunda-feira e se estenderá pelos
próximos 30 dias, os investidores poderão se frustrar com as receitas de
empresas de vestuário e produtos de limpeza e higiene, por exemplo, e também
com o aumento nos pagamentos em atraso de financiamentos de automóveis ou com a
aceleração no cancelamento de assinaturas de telefonia celular e de TV a cabo.
"As
expectativas para os resultados das
empresas ligadas ao consumo ainda estão muito elevadas, portanto há um claro
risco, em razão de uma inflação alta e de um crescimento econômico mais baixo,
de essas expectativas não serem atingidas no segundo trimestre", diz
Jennifer Delaney, estrategista de ações para mercados emergentes do banco UBS
em Nova York.
Para ela, inflação alta, forçando a elevação da taxa de juros, e o nível
mais fraco da atividade econômica deverão frustrar as metas de crescimento do
lucro das empresas neste ano e, por tabela, o desempenho do mercado acionário
brasileiro.
Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
registrou alta de 6,7% no acumulado de 12 meses, mas o item alimentação e
bebidas subiu 12,8% no período. Esse item contribui com um peso de 24,7% sobre
o IPCA, o que reflete, a grosso modo, os gastos mensais das famílias
brasileiras com esse tipo de despesa. Até junho, no acumulado em 12 meses,
alimentação no domicílio ficou 13,6% mais caro, enquanto comer fora de casa
ficou 11,2% mais caro.
Para o varejo em geral, a inflação foi de 8,5% em 12 meses até maio. O
impacto da inflação sobre a massa salarial e o orçamento dos consumidores já
foi captado no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano,
divulgado no dia 29 de maio, quando o consumo das famílias brasileiras cresceu
apenas 0,1% sobre o trimestre anterior.
De lá para cá, os indicadores do consumo seguem se enfraquecendo. Na
quinta-feira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
as vendas do comércio varejista contabilizaram em maio o menor crescimento para
o mês desde 2009, com uma expansão de 4,5% sobre maio do ano passado. Já em
relação ao mês anterior, as vendas ficaram estáveis.
A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), com base no
levantamento realizado junto com o Sistema de Proteção ao Crédito (SPC Brasil),
informou na quarta-feira que as vendas no varejo caíram 3,74% em junho na
comparação com maio. Em relação a junho do ano passado, as vendas no varejo
subiram 0,67%. Foi o terceiro mês consecutivo de desaceleração e o menor
crescimento nessa base de comparação desde janeiro de 2012. (Agência Estado)
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