ZH grátis - Construção do Estado do Bem Estar Social
José Fortunati*
José Fortunati*
O jornal ZH defende o passe livre para estudantes e
desempregados afirmando que “especialistas” afirmam ser isto possível. A
solução: cortar o lucro dos empresários.
Eu desejo entrar de cabeça neste debate levantado
pela ZH e propor uma revisão geral dos lucros obtidos pelos empresários no
Brasil. Este é um debate relevante para todos nós. Relembrei os meus bons
tempos de política estudantil e recordei das boas e sólidas discussões que
travávamos na busca de um Estado mais justo e igualitário onde a mais-valia
deveria ser profundamente questionada.
Era a busca do Estado do Bem Estar Social onde os
trabalhadores teriam acesso aos bens e serviços de forma absolutamente
gratuita.
Sem dúvida alguma o Brasil tem avançado muito para
construir este Estado de Bem Estar Social. Basta voltarmos um pouco no tempo e
perceber os enormes avanços com a saúde pública com a criação do SUS, com a
inclusão de milhares de crianças nas escolas públicas, com o atendimento na
assistência social, com a criação do seguro-desemprego, do vale-transporte, do bolsa-família,
etc., etc.
Reconheço que temos que avançar muito, mas muito
mesmo, para que este denominado Estado de Bem Estar Social consiga atender com
dignidade os milhões de trabalhadores do Brasil.
Mas, tenho a convicção de que se nos somarmos à
iniciativa da ZH de um corte profundo no lucro dos empresários no Brasil
estaremos começando a dar uma qualidade de vida melhor aos brasileiros. Basta
começar pelo Sistema Financeiro Nacional. Nunca os banqueiros lucraram tanto em
tão pouco tempo. Nunca os imóveis custaram tanto por apartamentos cada vez
menores em nossas cidades. Nunca os medicamentos retiraram tanto da
aposentadoria dos nossos idosos. Nunca as montadoras de automóveis que produzem
no Brasil auferiram tanto lucro, conseguindo dar sobrevida às suas matrizes em
crise no exterior.
É só entrarmos no supermercado e levamos um susto
atrás do outro com a remarcação contínua dos preços das mercadorias. A grande
diferença é que a velha maquininha que remarcava os preços dos produtos nas
prateleiras ficou invisível substituída pelo código de barras. Mas, ao passar
pelo caixa o cidadão percebe o rombo no seu orçamento.
Poderia dar outros milhares de exemplos. Mas, todos
sabem o que encontramos no nosso cotidiano.
É claro que todos eles, sem exceção, irão dizer que
a elevação dos preços ligada diretamente a carga tributária paga no Brasil.
Mas, os balanços publicados mostram que os lucros são reais e os maiores da
nossa história recente, depois de pagos os tributos que permitem que sejam
feitos os investimentos para a construção do Estado do Bem Estar Social no
Brasil. E isso é inquestionável.
Entendo que o acesso à leitura também deva ser um
item básico da cesta do trabalhador. Leitura faz parte da formação cultural do
cidadão. Perguntei aos “especialistas” se seria possível distribuir a ZH
gratuitamente pelas ruas do nosso Estado. ´”É claro” me responderam os
especialistas. “Basta cortar um pouco o lucros dos empresários”. Na antiga
União Soviética o Pravda era distribuído gratuitamente aos trabalhadores. Aqui
mesmo em Porto Alegre o jornal “Metro” é distribuído gratuitamente nos
principais cruzamentos da cidade. Então resolvi propor, como forma de
contribuir para que os trabalhadores tenham acesso à leitura, que a ZH seja
distribuída gratuitamente. Logo um companheiro me alertou: “a classe operária
não lê a ZH”. Está bem, concordo. Então vamos solicitar que a direção do Diário
Gaúcho corte um pouco dos seus lucros e distribua gratuitamente o DG para que
os desempregados tenham acesso aos classificados, para que as donas de casa
tenham conhecimento do “Retratos da Fama”, para que os fanáticos torcedores da
dupla Grenal saibam como anda o seu time, para que os trabalhadores fiquem bem
informados.
Voltando ao transporte coletivo eu tenho a
convicção de que com a realização das licitações para o transporte público no
final do ano teremos condições plenas de rediscutir a planilha do preço da
passagem colocando em pauta o lucro dos fornecedores de pneus, do óleo diesel,
das carrocerias, dos implementos em geral e dos empresários do setor. Ao fim e
ao cabo certamente teremos uma passagem mais barata para todos.
Mas, antes disso vou consultar “os especialistas da
ZH” pois quem sabe eles não ofereçam a fórmula para podermos oferecer passagens
grátis para todos?*Prefeito de Porto Alegre
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