segunda-feira, 3 de junho de 2013

Alguém está errado



Comentário do jornalista Érico Valduga, publicado em seu blog Periscópio, nesta segunda-feira.




Um petista está enganado, ou Dona Dilma ou o dr.Tarso

Na inevitável questão das privatizações de serviços públicos, a presidente obriga-se ao pragmatismo, o governador continua no velho atraso marxista

PRESSIONADA PELO “PIBINHO” do primeiro trimestre, 0,6%, que se sucedeu ao também miserável índice de 0,9% do ano passado, a chefe do Executivo imperial “progressista” do país obrigou-se a reagir, como indicam informações vazadas à imprensa por “auxiliares” da presidente, na semana passada. De que forma Dona Dilma, no terceiro ano de mandato, escolheu solucionar a falta de vitalidade da economia brasileira – esgotada a via do consumo cujo estímulo endividou metade da sociedade -, o crescente descontrole da inflação, e, muito pior, põe em risco a sua pretendida reeleição em 2014? 

DA ÚNICA FORMA que lhe resta, já iniciada em portos e aeroportos, que ela, seu antecessor e padrinho, e seu partido, não apenas renegaram por uma década, como criminalizaram pela via político-eleitora: privatizações na infraestrutura dos serviços públicos. Quando setembro vier, a economista que nos governa deseja que estejam em plena execução, sob chicote, se necessário, investimentos privados nacionais e internacionais em concessões no montante de RS 489 bilhões, por ora. O valor equivale-se a quase um terço do Orçamento da União deste ano, R$ 1.6 trilhão, descontados os R$ 655 bilhões do financiamento da dívida pública.

POIS BEM, ENQUANTO ISTO, o que faz o governo “progressista” do nosso Estado? Anda no caminho inverso, na contramão, e na mesma semana passada, em Farroupilha, o governador Tarso Genro soltou mais foguetes pela estatização dos pedágios nas rodovias. O poderoso governo federal, que abocanha cerca de 65% da receita tributária nacional, concede rodovias porque não tem recursos para nelas investir, ao passo que o endividado governo gaúcho, que deve 216% da sua receita orçamentária, o maior percentual entre todos os estados, estatiza o mesmo serviço. 

NÃO CONTENTE EM NADAR de poncho contra a correnteza, uma especialidade farroupilha, vai mais longe na mistificação de cunho ideológico, ao afirmar que “nós não temos nada contra a parceria público-privada, mas ela tem de trazer retorno e priorizar o aspecto público”. Não trarão retorno as parcerias, eufemismo para privatização, empreendidas em escala bilionária por Dona Dilma, que não estariam priorizando o aspecto público? Quem sabe o dr.Tarso diz isto para ela, de maneira franca e transparente, para que ouçamos a resposta. Um dos dois está enganado, prezados leitores, e podemos desconfiar qual seja.

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