Bom Dia!
Tenho tentado, desde ontem, escrever alguma coisa sobre a
tragédia ocorrida na boate em Santa Maria e que deixou mais de 230 jovens
mortos. Juro que é difícil escrever pois, para tanto, é preciso pensar,
raciocinar e, de alguma maneira, manter um mínimo de lucidez. É quase
impossível.
Hoje pela manhã, ao ouvir a Rádio Gaúcha, escutei uma
entrevista do André Machado com o prefeito César Schirmer e consegui avaliar,
de maneira mais clara, o tamanho do que ocorreu. Ele falava em nome de uma
cidade inteira que, de alguma forma, chorava a dor da perda de algum parente,
algum amigo, algum conhecido. Foi aí que me dei conta de que todos nós, mesmo
distantes da tragédia, amargamos durante todo o dia a dor de ter perdido
alguém. Afinal, aqueles jovens que morreram no local onde estavam reunidos para
festejar a vida, representavam um pouco de nossos filhos, nossos sobrinhos,
nossos irmãos.
Foi exatamente aí que me dei conta do quanto somos pequenos
quando temos que enfrentar a morte. Na verdade somos quase nada. Uma faísca, um
segundo, o pânico e dezenas de jovens morrendo vítimas de queimaduras, de
fumaça tóxica ou pisoteados pelos que, como eles, buscavam desesperadamente a
saída. Os que ultrapassaram a porta, certamente lembrarão pelo resto da vida os
momentos terríveis de uma festa que acabou da maneira mais trágica possível.
Agora, passados os primeiros momentos, as autoridades
buscarão os culpados e a lei haverá de ser cumprida. Nada, absolutamente nada
do que for feito trará de volta, por exemplo, a filha única de um casal
desesperado que chorava ao ler o nome dela na lista de mortos.
Tomara que o desespero de milhares de pessoas, solidárias
com os que estão diretamente envolvidos na tragédia, sirva de ânimo para que
alguma coisa seja feita para evitar mais mortes. Não podemos descansar sabendo
que nosso filhos, nossos parentes, estão enjaulados numa boate, numa casa de
festas, sem saída de emergência e sem qualquer proteção contra incêndios. Um
pouco mais de rigor na fiscalização e na lei que permite o funcionamento deste
tipo de estabelecimento, poderá, quem sabe, evitar tragédias como a que ocorreu
em Santa Maria.
Até lá, vamos ficar aqui tentando acordar deste terrível
pesadelo que tomou conta de todos nós.
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