quinta-feira, 31 de janeiro de 2013


Espuma transformou boate Kiss em câmara de gás
Delegado apresenta pedaços do revestimento acústico da casa noturna e afirma que substâncias tóxicas foram responsáveis pelas mortes dos 235 jovens
Com apenas uma saída, janelas bloqueadas e mais gente do que era permitido por lei, a boate Kiss, em Santa Maria, foi transformada em uma câmara de gás quando as chamas de fogos de artifício se alastraram pela espuma sintética que revestia o teto da casa noturna. Essa foi a conclusão apresentada, na tarde desta quinta-feira, pelo delegado Marcelo Arigony, que conduz o inquérito sobre as 235 mortes e mais de 500 feridos na tragédia do último domingo. "Isso foi a causa da morte", disse Arigony, com um pedaço da espuma de cor escura em uma das mãos. O material foi recolhido do teto da boate Kiss e, segundo os investigadores, foi o responsável pelo fogo ter se alastrado tão rapidamente.
A espuma estava em cerca de um terço do teto da casa e fazia parte do isolamento acústico. "Parece que é um material usado em estúdios, mas é altamente inflamável e libera um gás tóxico", disse Arigony. O delegado citou a existência de um material chamado de “retardante”, utilizado justamente para evitar o rápido alastramento do fogo. Pelo que a perícia indica até o momento, isso não foi usado na boate Kiss.
Imagens dos corpos retirados da casa noturna momentos após o incêndio mostram que a maior parte das vítimas não morreu pelo fogo, mas por intoxicação pela fumaça, como atestaram os médicos legistas no dia seguinte à tragédia. Como não havia saída, a morte se deu em questão de minutos, e muitos morreram antes que fosse possível desobstruir as saídas da boate.

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