O relator analisa agora a
participação da corretora Bônus-Banval no esquema, que foi utilizada, segundo a
denúncia, pelos réus do PP como intermediária nos pagamentos. Os
sócios-proprietários da Bônus-Banval, Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg,
também são réus no processo.
Segundo Barbosa, para
viabilizar a lavagem, Janene apresentou Valério a Enivaldo Quadrado. "A
partir daí, Valério e Delúbio se reuniam com os sócios da Banval para discutir
os repasses para o PP".
"A Bônus-Banval
entregava dinheiro em domicilio. Eu nunca vi disso, senhores ministros",
diz o relator.
"Enivaldo Quadrado
foi o responsável direto por determinar que funcionários da Bônus Banval
servissem de intermediários no repasse de recursos, executando assim, de forma
dolosa, o crime de lavagem". "Enivaldo Quadrado recebia os recursos
em mãos e depois procedia na distribuição dos repasses para as pessoas
indicadas", afirma Barbosa.
Segundo a denúncia,
Quadrado recebeu R$ 11 milhões do valerioduto para repassar ao PP. Ele foi
preso em dezembro de 2008, no aeroporto de Cumbica (SP), com 361 mil euros na
cueca.
"Está cabalmente
comprovada a trama criada pelos réus para a lavagem de dinheiro", conclui
o relator.
Segundo Barbosa, Janene,
Henry, Corrêa e Genu se organizaram para lavar o dinheiro. "E, a partir de
fevereiro de 2004, passaram a contar com Breno Fischberg e Enivaldo
Quadrado".
"Os repasses ao PP
foram operados pela Bônus mediante duas sistemáticas: o uso de funcionários
para receber o dinheiro vivo e a transferência eletrônica de recursos
utilizando-se da empresa Natimar".
"Inclusive foi dado
um emprego de estagiária para a filha de Janene na Banval exatamente no período
dos repasses", diz Barbosa. "O alegado estágio durou apenas alguns
meses, segundo o Janene". "Em suma, evidencia-se que os réus Quadrado
e Fischberg ofereceram sua estrutura empresarial para os propósitos criminosos
dos réus do PP", afirma o ministro.
"Chamo a atenção
para o fato de que estes montantes não batem. Foram transferidos muito mais
recursos dos que os que aparecem como transferidos", diz Barbosa.
"Foram R$ 6 milhões, mas todos os recebimentos que citei não atingem esta
quantia. Uma boa parte deve ter desaparecido no meio do caminho", afirma.
Joaquim Barbosa passa a
analisar a acusação de formação de quadrilha imputada aos réus ligados ao PP.
"O contexto
probatório me conduz à conclusão de que houve prática do crime de formação de
quadrilha pelos réus", diz o ministro.
"Em abril de 2004,
Rogério Tolentino e Valério depositaram dinheiro na conta bancaria da Bônus
Banval e tiveram reuniões com os sócios da empresa, bem como com Delúbio",
afirma Barbosa.
"A versão de
Quadrado sobre o emprego dado ao dinheiro é inverossímil", diz. Ele cita o
depoimento do réu: "O dinheiro entrou na corretora, eu não sabia de onde
vinha, entrou nas contas da Natimar".
"Pedro Henry, Pedro
Corrêa, José Janene e João Cláudio Genu formaram quadrilha para corrupção
passiva e lavagem de dinheiro", diz Joaquim Barbosa
O ministro Joaquim
Barbosa pede para que a sessão seja suspensa e o presidente Ayres Britto
convocou uma nova reunião para quarta-feira, dia 19.
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