Mesmo tendo negado a existência de irregularidades
na compra da mansão co m 550 metros quadrados, em área nobre da Brasília onde
vive, o governador Agnelo Queiroz não conseguiu comprovar a origem dos recursos
para pagar o imóvel, durante depoimento à CPI do Cachoeira. Em 2007, o petista
pagou R$ 400 mil pela casa. Um ano antes, ele havia declarado à Receita Federal
um patrimônio de R$ 224 mil. À CPI, Agnelo prometeu com,provar a origem do
dinheiro usado na compra do imóvel. “Vou fazer isso”, disse. O governador
afirmou que tem renda familiar suficiente para adquirir a casa, com um ano de
economias.
Glauco Santos, antigo dono do imóvel, é
proprietário de uma empresa que, meses depois da venda, foi beneficiada por um
ato assinado por Agnelo quando era diretor da Agência nacional de Vigilância
Sanitária, permitindo o funcionamento da empresa de Glauco.
A mãe e a irmã de Agnelo se transformaram em sócias
de Glauco em franquias de restaurantes. O governador petista acha tudo normal: “É
uma relação privada, empresarial”, afirmou.
Além da falta de comprovação dos recursos, o
negócio chama a atenção pelo valor, já que R$ 400 mil não são, nem de leonge,
suficientes para comprar um imóvel semelhante ao do petista na mesma região.
Questionado pelo deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), Agnelo respondeu: “Não
sei, não sou corretor”.
Mais cedo, Agnelo Queiroz afirmou que abre mão de
seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. Ele também disse manter confiança
em Cláudio Monteiro, seu acessor que deixou o cargo após escutas da PF
indicarem que ele recebia propina da quadrilha de Carlinhos Cachoeira para
facilitar a vida de Delta no governo de Agnelo.
O governador sustentou a tese de que não houve
cooptação de seu assessor porque os objetivos da quadrilha não foram atingidos:
"A informação que eu tenho dele é essa e eu não tenho motivo nenhum para
desconfiar disso, porque não teve nenhuma ação que favorecesse a Delta".
Agnelo admitiu ter se encontrado uma vez com
Carlinhos Cachoeira ao visitar uma indústria farmacêutica do contraventor,
ainda quando era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa):
"Eu visitei uma fábrica da Vitapan, como fiz visitas em outros estados do
Brasil", afirmou. "Esse foi o único contato que eu tive com o senhor
Carlos Cachoeira."
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