Está cada vez mais difícil conviver com o que está acontecendo em
alguns setores da política brasileira. Ideologia, por exemplo, é coisa que foi
para o saco faz muito tempo. Respeitar ou defender o eleitor, só na hora de
pedir o voto. Depois de eleito, grande parte dos parlamentares e governantes
esquece tudo o que prometeu e o eleitor que se dane. O importante é conseguir chegar lá no poder
e, se possível, permanecer nele pelo maior tempo.
É aí que entram os acordos políticos e as alianças, muitas que
não se consegue explicar. Formada a base, cada um ocupa o maior número de
cargos possíveis e vota tipo cordeiro, ou seja, seguindo o líder.
As coisas ficam mais claras quando se ouve, lê ou vê o que está
acontecendo, por exemplo, na CPI do Cachoeira. É blindagem total aos
companheiros e até os que não são. O governo é defendido protegido por todos os
lados. Pelos do seu lado, é claro. Pra tudo terminar em nada.
Mais perto de nós, na Assembleia Legislativa, o que está
acontecendo é roteiro para um filme, não sei se de humor ou de terror. O
governo, que passou anos e anos condenando o regime de urgência, não encaminha
um só projeto para o parlamento sem o carimbo de urgente. E lá estão, esperando
sentados, impassíveis e com o voto pronto, os deputados que formam a base
aliada. Votam tudo, sem ler, sem saber o que estão votando, mas certos de que
os cargos de seus companheiros estão garantidos. Na sessão de terça feira (22),
por exemplo, os deputados votaram favoravelmente ao veto do governador Tarso
Genro (PT) ao projeto da deputada Zilá Breitembach (PSDB) que pedia que as
ONGs, no Rio Grande do Sul, prestassem contas dos recursos concedidos pelo
poder público. Confesso que não li a explicação para o veto do governador. Acho
que nem precisava ter lido. Num regime transparente e democrático, quando se
oferece dinheiro público a alguma entidade, esta entidade tem obrigação de
prestar contas, seja ONG ou não. Aqui, no Rio Grande do Sul, o governador diz
que não precisa. E o pior é que o que mais temos no Brasil, são exemplos de
ONGs que usaram e abusaram (no mau sentido) do dinheiro público. Então, meus
amigos e amigas, enquanto forem feitas alianças corporativistas com a única e
específica finalidade de chegar ao poder, algumas tentando misturar azeite com
água, vamos ter que nos conformar. Do jeito que está, a base faz o que quer.
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