quinta-feira, 24 de maio de 2012

Opinião

A base faz o que quer
Está cada vez mais difícil conviver com o que está acontecendo em alguns setores da política brasileira. Ideologia, por exemplo, é coisa que foi para o saco faz muito tempo. Respeitar ou defender o eleitor, só na hora de pedir o voto. Depois de eleito, grande parte dos parlamentares e governantes esquece tudo o que prometeu e o eleitor que se dane.  O importante é conseguir chegar lá no poder e, se possível, permanecer nele pelo maior tempo.
É aí que entram os acordos políticos e as alianças, muitas que não se consegue explicar. Formada a base, cada um ocupa o maior número de cargos possíveis e vota tipo cordeiro, ou seja, seguindo o líder.
As coisas ficam mais claras quando se ouve, lê ou vê o que está acontecendo, por exemplo, na CPI do Cachoeira. É blindagem total aos companheiros e até os que não são. O governo é defendido protegido por todos os lados. Pelos do seu lado, é claro. Pra tudo terminar em nada.
Mais perto de nós, na Assembleia Legislativa, o que está acontecendo é roteiro para um filme, não sei se de humor ou de terror. O governo, que passou anos e anos condenando o regime de urgência, não encaminha um só projeto para o parlamento sem o carimbo de urgente. E lá estão, esperando sentados, impassíveis e com o voto pronto, os deputados que formam a base aliada. Votam tudo, sem ler, sem saber o que estão votando, mas certos de que os cargos de seus companheiros estão garantidos. Na sessão de terça feira (22), por exemplo, os deputados votaram favoravelmente ao veto do governador Tarso Genro (PT) ao projeto da deputada Zilá Breitembach (PSDB) que pedia que as ONGs, no Rio Grande do Sul, prestassem contas dos recursos concedidos pelo poder público. Confesso que não li a explicação para o veto do governador. Acho que nem precisava ter lido. Num regime transparente e democrático, quando se oferece dinheiro público a alguma entidade, esta entidade tem obrigação de prestar contas, seja ONG ou não. Aqui, no Rio Grande do Sul, o governador diz que não precisa. E o pior é que o que mais temos no Brasil, são exemplos de ONGs que usaram e abusaram (no mau sentido) do dinheiro público. Então, meus amigos e amigas, enquanto forem feitas alianças corporativistas com a única e específica finalidade de chegar ao poder, algumas tentando misturar azeite com água, vamos ter que nos conformar. Do jeito que está, a base faz o que quer.

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