Ricardo Salles superou
toda a oposição
Alexandre Garcia
O presidente Jair
Bolsonaro foi cobrado sobre o preço do arroz enquanto estava a passeio no
bairro do Cruzeiro, em Brasília - que é uma espécie de bairro carioca na
cidade. O sujeito perguntou quando Bolsonaro ia baixar o preço do arroz.
O presidente respondeu
“você quer que eu dê uma canetada e que faça tabelamento?”. Isso me lembrou os
tempos em que eu cobri o tabelamento do Plano Cruzado. Aquilo era um horror.
Quem não cumprisse os
valores determinados era preso pelos fiscais do Sarney, a Polícia Federal
entrava em fazendas para prender bois gordos. Ele tentou acabar com a inflação
com uma canetada, mas não deu certo.
O preço do arroz aumentou
por diversos motivos e um deles é o aumento da exportação. Mas como a pergunta
do sujeito tinha como intuito ser irônica, Bolsonaro preferiu dizer “vai
comprar arroz na Venezuela”, já que lá não vai ter o produto.
“Roupa suja se lava em
casa”
Na quinta-feira (22), o
ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles fez uma publicação - que foi apagada
em seguida - em que chama o ministro general Ramos de “banana de pijama” e
afirma que ele deveria parar de ter postura de “maria fofoca”.
Salles culpou o militar
por uma matéria negativa que saiu no “O Globo”. Provavelmente Bolsonaro ficou
no meio dos dois. Na manhã de domingo (25) os dois ministros decidiram que não
iriam tocar no assunto.
Mas Salles percebeu que o
post era ofensivo e escreveu, na mesma rede social, “conversei com o ministro
Ramos, apresentei minhas desculpas pelo excesso e colocamos um ponto final
nisso. Estamos juntos no governo, pelo presidente Bolsonaro e pelo Brasil. Bom
domingo a todos".
Nem parece que o ministro
do Meio Ambiente está no governo e sim na oposição, que aliás não faria melhor.
Quem escreve uma coisa dessas e joga para Urbi et Orbi, para o planeta inteiro,
ainda que por pouco tempo? Salles superou toda a oposição do governo.
Apesar de o primeiro post
ter sido apagado em seguida, uma jornalista da CNN conseguiu fazer uma captura
de tela. Dessa história fica de lição não devemos postar nas redes sociais
quando estamos de cabeça quente e que roupa suja devemos lavar em casa.
Liminares eternas...
O Estadão publicou uma
matéria revelando que existem 10 liminares que estão valendo há mais de cinco
anos. Tem uma da ministra Cármen Lúcia, de 2013, que trata dos bilhões em
royalties da Petrobras. E isso só será votado em plenário agora dia 4 de
dezembro.
Outra é do ministro
Joaquim Barbosa, que deixou o STF em 2014. Ele proibiu que uma Emenda
Constitucional, que aprovava a criação de quatro Tribunais Federais Regionais,
entrasse em vigor.
A Câmara votou novamente a
mesma coisa. Eles pretendiam criar um Tribunal Regional Federal em Minas
Gerais. Um único ministro do Supremo se julgou mais poderoso que os
parlamentares. É um absurdo, são 65 liminares que estão na mesma situação. Essa
decisão é provisória porque é uma liminar. Mas, se essa deliberação vale por
mais de cinco anos, deixa de ter caráter provisório. Tem alguns processos que
prescrevem neste tempo.