PIB cresceu 7,7% no
terceiro trimestre, puxado por indústria e serviços
Apuração em andamento
Puxada pelo crescimento da indústria e dos serviços, a economia brasileira cresceu 7,7% no terceiro trimestre de 2020, na comparação com os três meses anteriores. Os números do Produto Interno Bruto (PIB) foram revelados nesta quinta-feira (3) pelo IBGE.
Ainda que recorde, o crescimento trimestral não foi suficiente para compensar as perdas da primeira metade do ano, provocadas pela pandemia de coronavírus. Segundo o IBGE, o PIB encolheu 1,5% no primeiro trimestre e 9,6% no segundo, na maior queda trimestral da história.
Indicadores de prazo mais longo evidenciam que a economia brasileira ainda está abaixo dos níveis de um ano atrás. Na comparação com o resultado do terceiro trimestre de 2019, o PIB encolheu 3,9%, informou o IBGE.
No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a geração de riquezas ficou 5% abaixo da registrada no mesmo período de 2019. No acumulado de 12 meses, por sua vez, a retração foi de 3,4%.
Alta de 7,7% ficou abaixo
da esperada pelo governo e perto das projeções mais pessimistas
O avanço de 7,7% no terceiro trimestre ficou abaixo do esperado pelo governo – o Ministério da Economia previa alta de 8,3% no terceiro trimestre sobre o segundo.
O resultado divulgado pelo IBGE era esperado por parte dos economistas – os mais pessimistas, no caso. Ficou abaixo da média das projeções do mercado, e muito aquém das mais otimistas.
Consultorias e instituições financeiras consultadas pela agência Bloomberg projetavam crescimento entre 7,4% e 11,2% no PIB, com mediana de 8,7%. Em levantamento do jornal "Valor", as previsões de bancos e consultorias variavam de 7,4% a 9,5%, com mediana de 8,8%.
O resultado do PIB por
setores
Sob a ótica da produção (ou oferta), o avanço do PIB na passagem do segundo para o terceiro trimestre foi liderado pela indústria, que cresceu 14,8%, e pelo setor de serviços, que subiu 6,3%. A agropecuária, por sua vez, encolheu 0,5%.
"Entre as atividades industriais, destaca-se o crescimento de 23,7% das Indústrias de transformação. Também houve aumento para eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (8,5%), construção (5,6%) e indústrias extrativas (2,5%)", informou o IBGE.
Segundo o instituto, todos os segmentos de serviços cresceram. A alta mais forte foi a do comércio, que aumentou 15,9% em relação ao segundo trimestre, seguido por transporte, armazenagem e correio (12,5%); outras atividades de serviços (7,8%); informação e comunicação (3,1%); administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (2,5%); atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%); e atividades imobiliárias (1,1%).
Na comparação dos terceiros trimestres de 2019 e 2020, a agropecuária cresceu 0,4%, a indústria encolheu 0,9% e os serviços apresentaram retração de 4,8%.
O PIB sob a ótica da demanda:
investimentos, consumo, governo e comércio exterior
Sob a ótica da demanda, o maior crescimento veio do investimento produtivo, medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que cresceu 11% sobre o segundo trimestre.
O consumo das famílias, impulsionado pelo pagamento do auxílio emergencial, avançou 7,6%, ao passo que as despesas de consumo do governo cresceram 3,5%. No comércio exterior, as exportações de bens e serviços recuaram 2,1% no terceiro trimestre e as importações, 9,6%.
Na comparação do terceiro
trimestre de 2020 com igual período de 2019, as quedas foram generalizadas.
Caíram o consumo das famílias (-6%), o investimento (-7,8%), a despesa de
consumo do governo (-5,3%), as exportações (-1,1%) e as importações (-25%).
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