Cair mas levantar
Por Alexandre Garcia
Nos últimos quatro meses,
quem vem mandando no Brasil e em você? Pelo que se sente, são os governadores,
os prefeitos, os juízes, os promotores. O Supremo tirou poderes do chefe do
governo. E o povo, de onde emana todo poder, está a obedecer infindáveis ordens
e contraordens, supostamente para proteger vidas.
Primeiro, usaram as covas
abertas e os caixões ainda vazios para nos intimidar - quer dizer, nos
ameaçaram com a morte. Aí, nos enxotaram das praças, das praias, dos bares e
restaurantes, fecharam nossas empresas e empregos e nos condenaram à prisão
domiciliar.
Tem sido um período de
agressão às liberdades básicas: direito de ir e vir, direito ao trabalho,
liberdade de opinião, de expressão, direito à privacidade. Tivemos buscas e
apreensões e prisões por crimes de opinião; até a Lei de Segurança Nacional
foi retirada do baú, com participação, ironicamente, da Corte
encarregada de interpretar a Constituição.
Decretos municipais
tiveram poder de algemar pessoas que estavam na praça, na praia e até em sua
própria loja. O Senado, por sua vez, apressou-se em aprovar uma lei de censura
ao meio que democratizou a informação. Em suma, o Estado, todo-poderoso,
aproveitou-se da pandemia para proteger-se da cidadania.
O que assusta em tudo isso
é constatar que havia em corações e mentes, latente, o germe do totalitarismo.
Quando o organismo nacional se desviou para reagir a um vírus, o totalitarismo
aproveitou-se para germinar - sem reação de grande parte meios tradicionais de
informação.
Sob o manto escuro do medo
do vírus, as agressões às liberdades foram se perpetrando. O que move seus
agentes? O medo das novas ferramentas digitais; medo de serem ultrapassados;
medo da fiscalização e julgamento da nova opinião pública, que tem a rapidez da
comunicação digital.
Enfraquecer a economia,
fechando o comércio, os serviços, as fábricas, pode debilitar os balanços e os
empregos. Mas não pode debilitar a cidadania, a liberdade, os direitos
constitucionais.
Fraccionaram a
nacionalidade nesses últimos anos, importando modismos estrangeiros; nos
dividiram para nos enfraquecer. E viram agora, nesta pandemia, a oportunidade
para ir mais rápido, nos acostumar sem liberdades.
Já passam quatro meses de
privações, mas esquecem que o brasileiro, quando cai, sempre “levanta, sacode a
poeira e dá volta por cima”.
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