General Heleno tem razão:
a sede do Congresso é insaciável
O senador Cid Gomes, irmão
de Ciro Gomes, fez uma maluquice. Ele entrou em uma retroescavadeira e invadiu
um quartel da PM, cujos policiais estavam amotinados querendo aumento.
É inadmissível policial
militar estar amotinado, todos têm que ir para a cadeia. Porque isso contraria
o básico. Ser policial militar significa que não existe a possibilidade de
greve, o que estão fazendo é motim.
Cid Gomes acabou levando
um tiro no peito. Pegou meio de lado, no ombro, mas imagina se pega no coração.
Inicialmente achavam que era bala de borracha, mas não era. O senador precisou
passar por cirurgia. Ele foi impulsivo e os PMs estavam errados.
Carnaval e reforma
tributária
Davi Alcolumbre e Rodrigo
Maia fizeram um bom trabalho. Os dois se juntaram e acertaram que é preciso
criar uma comissão mista para estudar o projeto da reforma tributária. A gente
está esperando essa reforma para desburocratizar o pagamento de imposto.
Provavelmente vai sair o
IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que é uma unificação de impostos. A reforma
é de interesse de estados e municípios também porque cada representante quer
algo diferente.
A comissão vai ter 25
deputados e 25 senadores, ou seja, serão 50 pessoas. Mas eles só irão se reunir
depois do carnaval. Eita país feliz. Suponho que o povo que gosta disso,
suponho. Eu gostaria que fizessem um levantamento para mostrar qual o
percentual do povo brasileiro que realmente gosta do carnaval.
A queixa de Heleno
Ficou registrada uma
conversa do ministro Augusto Heleno com os ministros Paulo Guedes e general
Ramos durante a solenidade de hasteamento da bandeira nacional, pela manhã, na
frente do Palácio da Alvorada.
Na conversa, Heleno falou
“não se pode aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo”. Depois o
ministro lamentou o vazamento – parece que foi a Presidência da República que
vazou enquanto filmavam o episódio. Eu ainda preciso entender como essa
conversa vazou.
O ministro Heleno explicou
que falava sobre a insaciável sede de fatias do orçamento que reduz o poder do
Executivo e acrescentou: “se desejam parlamentarismo que mudem a Constituição”.
Rodrigo Maia, presidente
da Câmara, disse que Heleno é um “radical ideológico” contra a democracia. E o
Alcolumbre também disse que não pode aceitar ofensas do Executivo.
Heleno não disse
exatamente a quem ele se referia, mas o portal de notícias O Antagonista
divulgou que Alcolumbre e Maia estão por trás de uma liberação de última hora
de R$ 3,8 bilhões.
Além disso, os presidentes
estariam com a maior parte da verba do Ministério do Desenvolvimento Regional
de interesse deles. Os dois ficaram bravos com a informação, então, talvez seja
isso.
A verdade é que a
Constituição de 1988 tornou o país ingovernável. Foi o que disse José Sarney a
mim em uma entrevista que realizei enquanto ainda estava na Globo, logo após a
promulgação da carta. Sarney sempre foi um homem do Congresso Nacional.
Se a gente olhar a
Constituição, queriam tornar o país parlamentarista, mas fizeram uma emenda
presidencialista e ficou assim. O presidente, que tem a responsabilidade pelo
governo, não tem os poderes para governar. Quem tem os poderes para governar é
o Congresso, que não tem a responsabilidade de governo.
Sendo assim, os
presidentes que vieram depois de Sarney, para sobreviverem, entraram nisso que
se chama de presidencialismo de coalizão, cedendo estatais e ministérios para
partidos políticos.
A Petrobras, o Banco do
Brasil, os Correios, a Caixa Econômica Federal, os ministérios do
Desenvolvimento Regional, da Previdência, do Trabalho e dos Transportes.
Cederam esses órgãos para partidos políticos, meio que de porteira fechada. Os
partidos faziam o que queriam. E pegavam dinheiro, dividiam o botim, como a Operação
Lava Jato revelou.
Alexandre Garcia
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