Brasil pode ter 93 milhões
de doses da vacina contra a Covid-19 até março, diz Pazuello
Ministro da Saúde
O ministro da Saúde,
Eduardo Pazuello, afirmou nesta quinta-feira (17), em audiência pública do
Senado, que o governo federal não está sendo “atropelado” no processo de
vacinação contra a Covid-19. Mas que, ao contrário, está na vanguarda. Aos
senadores, Pazuello disse que o Brasil terá até 93,4 milhões de doses nos
primeiros três meses de 2021. E que a vacinação pode começar na segunda
quinzena de janeiro.
Como cada pessoa precisa
de duas doses para ser imunizado, aplicadas num intervalo de três a quatro
semanas entre elas, isso significa que seria possível vacinar até 46,7 milhões
de brasileiros entre janeiro e março. Os números e prazos são diferentes dos
apresentados na quarta, durante o lançamento do plano nacional de vacinação
contra a Covid-19.
Segundo Pazzuello, o
Brasil terá 24,7 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus já em
janeiro. Citou, ainda, que a campanha de imunização pode começar entre 18 e 20
de janeiro, desde que os imunizantes tenham o registro da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda que para o uso emergencial.
O ministro destacou que o
país três tratativas ou contrato fechado com três grandes laboratórios para a
aquisição de vacinas: a da AstraZeneca/Universidade de Oxford, produzida no
Brasil em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); a coronavac, uma
parceria entre o Instituto Butantan e a chinesa Sinovac; e a da vacina
americana da Pfizer.
Quantas doses serão
aplicadas por mês e de quais vacinas
Pazuello detalhou apenas o
número de vacinas que deve estar à disposição da população no primeiro
trimestre de 2021.
Astra Zeneca
Para janeiro, quando está
previsto início da campanha de vacinação, haverá 500 mil doses da Pfizer, 9
milhões de doses do Butantan e 15,2 milhões da AstraZeneca. A soma disso
representa os 24,7 milhões esperados para o mês. “Mas isso tudo dependendo do registro
da Anvisa”, alertou.
Para fevereiro, são
esperadas mais 500 mil vacinas da Pfizer e 15,2 milhões da AstraZeneca. A
quantidade de doses da coronavac serão 22 milhões. Com isso, são esperadas 37,7
milhões de doses. Para março, Pazuello disse que haverá “outras 31 milhões de
doses”, não dando mais detalhes.
Para os outros nove meses
do ano, Pazuello destacou que a AstraZeneca vai produzir 20 milhões de doses
por mês “já com a tecnologia nossa [da Fiocruz]”. Somente deste laboratório, o
país contará com 100 milhões de doses no primeiro semestre. Em todo o ano,
serão 220 milhões de doses só desse imunizante.
Já o Butantan, em seu
primeiro lote, contribuirá com 46 milhões de doses da coronavac. A Pfizer
oferecerá 2 milhões de doses no primeiro trimestre, mas o ministro não foi
preciso sobre as doses oferecidas pelo laboratório americano a partir de abril.
Além dessas três vacinas,
Pazuello citou a expectativa de que o Brasil adquira mais doses por meio da
Covax Facility – o consórcio global de imunização contra a Covid-19 coordenado
pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Temos 10 fabricantes no consórcio
que, a partir do momento que o registro sair, nós podemos optar pela compra por
uma delas. E vamos para 42 milhões de doses entregues [advindas da Covax
Facility]”, destacou o ministro.
Pazuello critica
exigências da Pfizer
Vacina da Pfizer
Ao longo de sua fala,
Pazuello explicou as dificuldades de fechar negócio com a Pfizer e por que o
Brasil receberá apenas 500 mil doses do laboratório em janeiro e fevereiro, e 1
milhão em março.
O motivo, segundo ele,
está nos pedidos de isenção de responsabilidade sobre eventuais efeitos
colaterais da vacina. “Acompanhei a primeira reunião da Pfizer no nosso
ministério. As colocações do CEO da empresa foram, realmente, muito duras. [Ele
pediu] isenção completa de qualquer responsabilidade de efeitos colaterais da
empresa; 100% de isenção”, disse.
De acordo com Pazuello,
isso significa que nenhuma autoridade brasileira poderá vir a responsabilizar a
Pfizer se qualquer pessoa venha a passar mal por causa da vacina. disse
Pazuello. “Se assinarmos o contrato dessa forma, a responsabilidade não será da
Pfizer. Os senhores sabiam disso? Acho que não”, disse o ministro.
Além disso, o laboratório
também exige que não seja julgado nas cortes brasileiras. “Ela não aceita ser
julgada nos nossos tribunais. Temos que assinar a cláusula que só será julgada
nos tribunais internacionais, não no Brasil”, informou Pazuello.
Apesar de todas as
exigências, Pazuello deixou claro que o Brasil cogita, sim, assinar o contrato
para a compra dos imunizantes da Pfizer. Disse que há cerca de um mês o
Ministério da Saúde e a empresa acertaram a aquisição das 2 milhões de doses,
apesar de reconhecer ser muito pouco para um país com 210 milhões de
habitantes.
Ele ressaltou, porém, que
as exigências da Pfizer travaram o acordo pela compra de mais doses. “Isso foi
a proposta inicial, é exatamente desta forma [compra de 500 mil doses em
janeiro e em fevereiro, e 1 milhão em março]. A segunda proposta só mudou a caixa
de isopor. Ela quer as mesmas cláusulas de isenção de responsabilidade no
julgamento internacional. E, pasmem, estamos pensando em aceitar”, disse
Pazuello.
Ministro diz que é preciso
ter cautela com vacina russa
Sobre a vacina russa, a
Sputnik V, o ministro da Saúde disse que o representante do imunizante no
Brasil o informou que a empresa “está enviando” à Anvisa a solicitação para
iniciar a fase 3 de testes no Brasil – a última etapa, que assegura a eficácia
da vacina.
O motivo de o governo não
comprar doses da vacina se deve a isso. “Quando falamos de Rússia, temos que
compreender que a federação russa está vacinando [sua população] sem a fase 3.
[A Rússia] decidiu vacinar apenas com a fase 1 e 2. É uma decisão de governo ou
de Estado, naquele caso. Nós não tomamos essa decisão aqui no Brasil”, disse
Pazuello.
Somente depois que a
Sputnik V tiver sua fase 3 concluída, a empresa poderá solicitar o registro
para uso emergencial. Mas Pazuello deixou claro que isso não é uma etapa
rápida. “Senhores, uma fase 3 acelerada não [dura] menos de 90 dias. E aí,
quando concluir a fase 3, vai submeter à Anvisa para registro. Essas realidades
precisam ser compreendidas por todos nós.”
Fonte: Gazeta do Povo