Na terra da Lava Jato,
juízes pedem que
Bolsonaro vete abuso de
autoridade
Representantes de diversas
associações da magistratura, do Ministério Público e das polícias, nos âmbitos
federal e estadual, reuniram-se, nesta segunda-feira (19), na sede da Justiça
Federal do Paraná, em Curitiba, para uma manifestação em defesa do veto ao
projeto de lei de abuso de autoridade.
Cerca de 50 juízes,
promotores, policiais federais, militares e civis e auditores promoveram um ato
público para pedir que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vete o projeto, já
aprovado pelo Senado e pela Câmara, que, na visão deles, enfraquece a
independência do Judiciário, do MP e das polícias.
“Não somos contrários à
responsabilização de atos abusivos. Contudo, o referido projeto tem como
objetivo evidente enfraquecer o combate à corrupção, prejudica fortemente as
instituições de Estado destinadas à aplicação da lei e à persecução de práticas
criminosas, vulnera a separação dos poderes e a independência do Poder
Judiciário e do Ministério Público e fornece poderosa ferramenta de retaliação
contra Juízes/as, Promotores/as, Policiais e Fiscais em benefício de pessoas
acusadas não apenas de corrupção e crimes econômicos, mas de outros de igual ou
maior gravidade para o convívio social”, diz nota divulgada pelo movimento.
O presidente da Associação
do Ministério Público do Paraná, André Glitz, afirmou que uma eventual sanção
do projeto pelo presidente é uma ameaça à capacidade de resposta das polícias e
do MP à criminalidade. Para ele, a aprovação do projeto “é o aspecto de uma
reação que é muito maior. A reação de parte do poder político que foi atingido
pelas últimas operações policiais vem também em forma de legislação. Como já
aconteceu na Itália, em outros países e, agora, no Brasil”.
Ele conta, uma das
questões mais criticadas pelos promotores no projeto é a figura da justa causa
fundamentada. “O promotor só pode oferecer denúncia tendo justa causa
fundamentada, mas sequer sabemos o conceito desta expressão porque ela não
existe. Agora, no final de um processo que resultar em absolvição, o promotor
pode ser responsabilizado e responder criminalmente por ter denunciado”.
Por identificar vários
pontos controversos na proposta, o representante do Ministério Público defende
o veto total da proposta. “Essa questão cabe muito mais à análise técnica da
presidência da República. Existem muitos trechos preocupantes neste projeto de
lei, expressões vagas que colocam em risco o exercício da nossa atividade.
Entretanto, para que não tenhamos uma colcha de retalhos, é que o projeto seja
integralmente vetado, e que discutamos a questão do abuso de autoridade em
projetos melhores e mais completos que já foram apresentados no Congresso”.
Fonte: Gazeta do Povo