Temer vira réu por mala de R$ 500 mil da JBS
O juiz da 15ª Vara Federal Criminal de Brasília Rodrigo
Parente Paiva pôs o ex-presidente Michel Temer (MDB) no banco dos réus pelo suposto crime de
corrupção passiva no caso envolvendo a mala de R$ 500 mil da JBS. Segundo a denúncia oferecida em 2017 pelo
então procurador-geral Rodrigo Janot, e ratificada pelo procurador da República
Carlos Henrique Martins Lima, os pagamentos poderiam chegar ao patamar de R$ 38
milhões ao longo de 9 meses. Com o fim do foro privilegiado de Temer, o
processo foi remetido à primeira instância e tramita na 15ª Vara Federal.
“Assim, pelos
relatos apresentados e devidamente materializados nos relatórios policiais,
áudios, vídeos, fotos e diversos documentos colhidos no curso das investigações
efetivadas no âmbito do Inquérito Policial 4517/STF, encontram-se presentes,
pois, os pressupostos processuais e condições da ação, podendo-se extrair de
todo o arrazoado, e do conjunto probatório reunido até o presente momento,
elementos que evidenciam a materialidade do crime imputado e indícios de
autoria, os quais justificam a instauração do processo penal”, anotou o
magistrado.
Em abril de 2017, o então assessor do presidente Rodrigo
Rocha Loures foi filmado em ação controlada da Polícia Federal recebendo uma
mala com R$ 500 mil do executivo da J&F, Ricardo Saud. Ele foi um dos alvos
da Operação Patmos, deflagrada em maio daquele ano, com base na delação de
executivos da holding.
Temer e Loures foram denunciados pela suposta propina. No
entanto, para o ex-presidente, a abertura de ação foi barrada em votação na
Câmara Federal. Como não tinha mais foro privilegiado, Rocha Loures passou a se
defender do processo na 10ª Vara Federal de Brasília.
A decisão do Legislativo apenas adiou o processo para
Temer, que, após o término do mandato, voltou a se defender da acusação na
Justiça Federal. Em novo pedido, a Procuradoria requereu à Justiça abra ação
penal contra o emedebista. O juízo da 15ª Vara acolheu a solicitação.
Segundo o Ministério Público Federal, Rocha Loures
supostamente agiu em nome de Temer e na condição de “homem de confiança” do
presidente para interceder junto à diretoria do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) – órgão antitruste do governo federal – em benefício da
JBS. Delatores da J&F dizem que foi prometida uma “aposentadoria” de R$ 500
mil semanais durante 20 anos ao emedebista e ao presidente Temer.