O país dos sindicatos que
se chama Brasil
Não saiu a greve dos
caminhoneiros. A CUT não conseguiu fazer uma greve parar o país em véspera de
Natal. O sindicato está sentindo a falta de recursos para isso. Em 2017,
recebeu R$ 62 milhões e este ano vai receber "apenas" R$ 424 mil já
que o imposto sindical passou a ser facultativo.
Além disso, está
tramitando na Câmara uma Proposta de Emenda Constitucional que dá nova
estrutura aos sindicatos. Segundo o Paulinho da Força Sindical, isso vai
significar uma redução de 70% no número de sindicatos.
Se a PEC for aprovada, o
Brasil vai deixar de ter 17 mil sindicatos e passa a ter cinco mil. Mesmo
assim, ainda acho que o Brasil vai ser o país que mais sindicatos têm no
planeta Terra.
Arquivamento
A Procuradoria-Geral da
República reconheceu que não há provas suficientes para denunciar o senador
Renan Calheiros (MDB-AL). O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato,
concordou e mandou arquivar a nona investigação contra ele.
Mesmo assim, Calheiros
ainda responde por oito investigações. Nesta que foi arquivada, ele era
suspeito de receber propina usando a campanha do filho para o governo de
Alagoas - quando esse foi vitorioso - e lavagem de dinheiro.
Fachin faz confusão entre
a palavra evidência e indício, porque quando se tem uma evidência não
precisa de mais nada, não precisa de prova, é evidente. Mas ele falou que as
evidências não eram suficientes. Seria: se os indícios não fossem suficientes.
Promessa
O ex-governador do Rio,
Sérgio Cabral, que está condenado até o final dos tempos, fez uma delação
premiada na Polícia Federal, já que o Ministério Público não quer fechar, e
está prometendo devolver R$ 380 milhões.
Acredite ou não, Cabral
está preso, mas tem R$ 380 milhões em algum lugar deste mundo. Ele vai pegar
esse dinheiro e vai devolver. Porque trabalhar para ganhar R$ 380 milhões é
impossível, só se ele voltasse a ser governador do Rio e novamente fizesse o
que fez até agora.
Confiança
O país está no menor
risco-país desde o final do governo Lula, ou seja, desde 2010. Nós nunca
estivemos abaixo de 100 pontos, mas agora nós estamos com 98 pontos. O
risco-país é uma espécie de cadastro mundial mostrando que o Brasil tem baixo
risco, portanto merece confiança, crédito e investimento.
Morde e
assopra
O presidente do Supremo
Tribunal Federal, Dias Toffoli, elogiou a Lava Jato, o trabalho anticorrupção
da força-tarefa e acrescentou: “mas destruiu empresas, isso não aconteceria nos
Estados Unidos”.
Todo mundo que sabe ler,
sabe que o que é importante de uma frase é a mensagem que está depois do “mas”,
então ele está se queixando da Lava Jato, porque a operação teria destruído
empresas.
Eu não lembro de empresas
destruídas. Eu vejo a JBS; a Odebrecht (que até está trocando de diretoria); e
as outras empreiteiras, todas estão sobrevivendo. Mas, graças a Lava Jato,
interrompeu-se a corrupção neste país.
A culpa não é da Lava Jato
e sim da corrupção. A culpa é das empresas, que foram coniventes e cúmplices de
partidos políticos e políticos desonestos. Quase quebraram a Petrobras,
atacaram fundos de pensão dos Correios e da Caixa Econômica.
Os corruptos usaram bancos
estatais e empreiteiras e agora tem que assumir a culpa, que não foi de quem
combateu o crime, ao contrário, viva à Lava Jato, parabéns aos policiais
federais, integrantes do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Essas são pessoas que
trabalharam contra a corrupção, limpando a honra deste país. Parece que o
presidente do Supremo foi muito infeliz nessa afirmação.
Alexandre Garcia
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