Lava Jato está viva. Não
vai morrer assim tão fácil
Existem,
basicamente, duas maneiras de se lidar com a justiça nos tribunais superiores
deste país: a suja e a limpa. A suja o Brasil inteiro está cansado de saber
qual é. A limpa é a do Tribunal Federal Regional da 4ª Região, em Porto Alegre,
na pessoa dos desembargadores Gebran Neto, Leandro Paulsen e Thompson Flores.
Ao confirmar a condenação
de Lula em seu segundo processo criminal, o do sítio de Atibaia, e aumentar
para 17 anos de cadeia a sentença que ele havia recebido na primeira instância,
o TRF4 mostrou ao Brasil que não tem medo da "Facção Pró-Imunidade
Eterna" que protege no plenário do STF os bandidos milionários e
poderosos.
A decisão, nas lamentações
anônimas dos ministros que querem estender até o Dia do Juízo Final os recursos
dos réus “Top de Linha”, foi “uma afronta ao STF”. Onde já se viu um corpo de
magistrados condenar alguém que ocupa a posição de "Protegido Número 1 do
Supremo"? É claro não foi afronta nenhuma. Os desembargadores do TRF4
aplicaram a lei e fizeram justiça. Quem desmoraliza a lei e pratica a injustiça
é o STF. Só isso.
“O TRF-4 mostrou ao STF
que não se intimida com cara feia”, escreveu nas redes sociais o jornalista
Mario Sabino, editor de O Antagonista. Lulistas, juristas, garantistas,
equilibristas, etc, não gostavam da “República de Curitiba”? Pois agora vão ter
de se aborrecer, também, com a “República de Porto Alegre”, na expressão do
jornalista.
Todos eles, naturalmente,
gostariam mesmo é de acabar com o aparelho judicial brasileiro nos casos de
mega corrupção – só os Toffoli, Gilmar e seus coroinhas do STF deveriam ter o
direito de julgar a ladroagem graúda. Infelizmente, para o seu sonho, ainda não
está dando para chegar lá. O TRF4 lhes ensinou, e aos “Seis do STF”, que existe
no Brasil de hoje, sim, gente capaz de enfrentar a tentativa de tirania
“garantista” que vem do degrau mais alto do Poder Judiciário.
Num país povoado por
Rodrigos Maias, Alcolumbres e todos esses falsários que dizem fazer “engenharia
política”, é um conforto, realmente, encontrar homens de coragem no exercício
da função pública. Gebran, Paulsen e Thompson Flores provaram, com sua decisão
da quarta-feira, que os brasileiros não estão sozinhos nas suas esperanças de
uma sociedade mais limpa.
Não são os únicos,
felizmente – há muita gente, junto com eles, que não tem medo de contrariar
Lula e nem de ser acusado, só por isso, de ser “fascista”, “extremista de
direita”, “a favor do AI-5” e por aí afora. Ao contrário, são a prova viva de
que a democracia brasileira não é propriedade privada da esquerda – e de quem
considera um pecado político mortal exigir que o ex-presidente tem de se
submeter ao Código Penal, como todos os cidadãos do país.
É comum ouvir ministros do
STF dizerem que “as pessoas” acham justas as decisões judiciais que aprovam, e
injustas as que não aprovam. Conversa. “As pessoas” não são os idiotas que eles
imaginam – percebem, como qualquer ser humano capaz de pensar, que há coisas
certas e coisas erradas. Em consequência dessa constatação, acreditam que a
justiça do seu país deveria optar pelas coisas certas; do contrário, não vai se
merecer nenhum respeito, nunca.
O TRF4 optou por fazer o
bem em lugar do mal. Qual é o problema com isso? O problema é que os corruptos
não podem mais contar, como esperavam depois da decisão do STF proibindo a
prisão dos condenados em segunda instância, com a garantia da impunidade
perpétua. Os desembargadores de Porto Alegre mandaram um recado claro a todos
eles: a Operação Lava Jato está viva. Não vai morrer assim tão fácil.
J.R. Guzzo
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