quarta-feira, 31 de julho de 2019






Alvo é o controlador do grupo Petrópolis (Itaipava)


Em meio a pressões por publicações de reportagens que trazem supostas conversas entre procuradores e o ex-juiz do caso – o atual ministro da Justiça, Sergio Moro –, a Lava Jato deflagrou nesta quarta-feira (31) sua 62.ª fase, chamada de Rock City. Segundo a Polícia Federal, são cumpridos cinco mandados de prisão temporária (válida por cinco dias), um mandado de prisão preventiva (sem prazo para acabar) e 33 mandados de busca e apreensão.

O alvo desta operação é o Grupo Petrópolis, dono de cervejarias, que teria auxiliado a Odebrecht no pagamento de propinas disfarçadas de doações eleitorais. O controlador do grupo, Walter Faria, é o alvo da prisão preventiva da operação desta quarta.

“O objetivo é apurar o pagamento de propinas travestidas de doações de campanha eleitoral realizada por empresas do Grupo investigado, que também teria auxiliado o Grupo Odebrecht a pagar valores ilícitos de forma oculta e dissimulada, através da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior, expediente conhecido como operações dólar-cabo”, explicou a Polícia Federal, em nota.

Walter Faria
Segundo a PF, offshores relacionadas ao Grupo Odebrecht realizavam no exterior transferências de valores para offshores do Grupo Petrópolis, que por sua vez disponibilizava dinheiro em espécie no Brasil para realização de doações eleitorais. Segundo a PF, a operação tem relação com o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o departamento da empreiteira que gerenciava o pagamento de propina a políticos e agentes públicos.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), O Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht costumava utilizar três camadas de contas no exterior em nome de diferentes offshores. A empreiteira ainda utilizava uma estrutura de contas no exterior relacionadas às atividades do Grupo Petrópolis.

Em conta mantida no Antigua Overseas Bank, em Antigua e Barbuda, no nome da offshore Legacy International Inc., Faria recebeu US$ 88,4 milhões da Odebrecht de março de 2007 a outubro de 2009 . Já entre agosto de 2011 e outubro de 2014, duas contas mantidas pelo executivo no EFG Bank na Suíça, em nome das offshores Sur trade Corporation S/A, e Somert S/A Montevideo, receberam da Odebrecht, respectivamente, US$ 433,5 mil e US$ 18 milhões.

O MPF também aponta que a Odebrecht realizou operações subfaturadas com o grupo cervejeiro, como a ampliação de fábricas, a compra e venda de ações da empresa Electra Power Geração de Energia S/A, aportes de recursos para investimento em pedreira e contratos de compra, venda e aluguel de equipamentos.

Paralelamente, constatou-se que o grupo Petrópolis disponibilizou pelo menos R$ 208 milhões em espécie à Odebrecht no Brasil, de junho de 2007 a fevereiro de 2011. Além disso, o grupo comandado por Faria, por meio das empresas Praiamar e Leyroz Caxias, foi utilizado pela Odebrecht para realizar, entre 2008 e 2014, pagamentos de propina travestida de doações eleitorais, no montante de R$ 121,5 milhões, segundo o Ministério Público.

Navios-sonda da Petrobras
Segundo o MPF. contas controladas por Faria no exterior também foram utilizadas para o pagamento de propina no caso dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000.

Entre setembro de 2006 a novembro de 2007, Júlio Camargo e Jorge Luz, operadores encarregados de intermediar valores de propina a mando de funcionários públicos e agentes políticos, creditaram US$ 3,4 milhões em favor das contas bancárias titularizadas pelas offshores Headliner LTD. e Galpert Company S/A, cujo responsável era o controlador do grupo Petrópolis.

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