A esquerda não aprende;
Bolsonaro agradece
“Grande dia!”, exclamou o
presidente em sua conta no Twitter, assim que o resultado da votação da reforma
da Previdência foi anunciado. Se o comentário ultrapassou os limites do descaro
— afinal, Bolsonaro fez de tudo para desidratar a proposta em favor dos
policiais —, do ponto de vista político não há do que reclamar. Qualquer
governo, seja de esquerda ou de direita, busca capitalizar agendas positivas. É
do jogo.
Embora o mérito seja
relativo, a aprovação da proposta é o terceiro feito do governo em seus
primeiros sete meses. Recentemente, houve o acordo entre Mercosul e União
Europeia e antes o maior acerto de Jair Bolsonaro até agora, que foi ter
conseguido o apoio dos Estados Unidos à entrada do Brasil na Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Os duelos de narrativas já
começaram e tendem a continuar até o próximo ciclo eleitoral, entretanto um
aspecto do embate político não aceita contestações: a esquerda ainda não
entendeu que o tempo em que dava as cartas já passou.
Com as manifestações de
PT, PSOL, PCdoB e Rede — todos unânimes contra a reforma —, além do PDT, que
ameaçou expulsar filiados que ignorassem o posicionamento da legenda e votassem
a favor, o grupo até outro dia no comando do país agiu como se ainda ocupasse o
poder.
Ironia das ironias, sem a
mesma força política de antes; tampouco o mesmo apoio popular, tanta empáfia
acabou jogando a esquerda para o seu momentum pós reabertura democrática. Uma
época em que o idealismo estava em alta, pragmatismo era característica de
políticos cruéis e Lula ainda não havia passado pelo banho de loja necessário
para tornar a sua imagem palatável.
Quem esfrega as mãos
enquanto a oposição patina? Jair Bolsonaro.
Ainda é cedo para falar em
reeleição. Não é possível, por exemplo, garantir que o governo não dará mais
caneladas, para usar aqui uma expressão cara ao presidente. Contudo, de que
adiantaria? A ascensão do bolsonarismo se deu por uma combinação de fatores,
dentre os quais, e principalmente, a repulsa ao petismo e à esquerda como um
todo.
Ao se comportarem como
ontem, posicionando-se de maneira ferrenha contra os interesses do Brasil
e em favor da manutenção de privilégios para determinadas classes, PT e grande
elenco apenas reforçam o sentimento que levou a sociedade a pedir pelo
impeachment de Dilma Rousseff, a clamar pela prisão de Lula e a surrar Fernando
Haddad em dois pleitos seguidos.
Parabéns aos envolvidos.
Mario Vitor Rodrigues
Gazeta do Povo
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