Fui à Câmara sentir o
clima: até a oposição
está colocando a mão na consciência
Durante esta semana, eu
estive pesquisando na Câmara Federal como está a reforma da Previdência. Depois
das ultimas eleições, eu não acredito muito naquelas pesquisas que outros
fazem. Aí fui lá sentir o ambiente, que está muito favorável para passar de 60%
dos votos necessários de 513 deputados federais.
Com a ajuda decisiva do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vota-se ainda neste período, antes
das férias parlamentares de julho. O Maia está empenhado: é a favor da reforma,
se dá muito bem com Paulo Guedes, e o resto é fofoca. O pessoal está muito
otimista.
A própria oposição está
conversando para não fazer bloqueios, não atrasar e não impedir a votação ainda
neste período parlamentar. Há uma grande esperança de que a reforma da
Previdência passe. Provavelmente haverá emendas no Plenário, e alguns assuntos
ficarão para lei complementar ou ordinária, que não precise constar na
Constituição. Mas o fato é que há uma consciência grande de responsabilidade de
fazer a reforma.
Só para lembrar: Lula fez
a reforma da Previdência de muita coisa que era necessária naquela época,
inclusive com a oposição das centrais sindicais. Então, isso está acima de
partido. E os partidos da oposição, ao que me parece, estão entendendo isso por
responsabilidade com as gerações futuras. Nada a ver com o governo.
O governo está em uma
posição confortável. Simplesmente diz para o povo: “Eu prometi e me comprometi
a apresentar uma reforma da Previdência. Apresentei e está nas mãos do
Congresso Nacional agora. Se o Congresso não aprovar e as contas públicas
quebrarem, e não houver mais aposentadoria lá na frente, aí o problema é do
Congresso que vai precisar prestar contas aos eleitores e aos estados que eles
representam”.
Existe uma ideia fajuta
sendo disseminada, estão usando os mais pobres que não estão bem informados a
respeito. Os mais pobres vão pagar menos, vão recolher menos de contribuição.
Os que ganham mais irão recolher mais. Vai haver uma justiça dentro dessa reforma
da Previdência.
E não tem como não mudar a
idade da aposentadoria. As pessoas estão vivendo mais. Graças aos avanços da
medicina, a gente tem mais disposição ao trabalho com mais idade. Isso tem que
ser feito, não tem saída.
Outra coisa que eu queria
comentar...
Outro dia 12 senadores
votaram contra converter em lei uma medida provisória que diminui a fraude na
Previdência. Ou seja, votaram a favor dos fraudadores e da fraude na
Previdência. Não dá para entender.
E outro dia 47 senadores
votaram contra o direito natural de defesa. E eu nem chamo de legítima defesa
porque não precisa de lei: é uma lei natural o direto de defesa da vida e da
propriedade. O que tem nesse decreto é que ele amplia a possibilidade de,
dentro dos rigores da lei, de pedir porte sendo motorista de caminhão, o que é
justificável porque é uma atividade de risco; e sendo proprietário rural
também, que é uma atividade que toda hora está sendo atacada por gente que quer
invadir, matar gado, queimar trator. Então é direito defender a propriedade.
Então está sendo feita uma
grande campanha na Câmara para que haja uma reversão das decisões do Senado.
Alexandre Garcia
Gazeta do Povo
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