Tal como foi feita nossa
Constituição Frankenstein
As lideranças dos partidos
do Centrão, principalmente, concordaram em votar nesta quarta (22) a Medida
Provisória (MP) n° 870, aquela da reforma administrativa. Essa MP baixa para 22
o número de ministérios.
Houve aquele temor todo de
que voltasse à estaca zero, não sendo votada decorridos 120 dias como é de lei.
Mas parece que aquele rumor todo era só ameaça para dar uma enquadrada no
governo, para mostrar para o presidente Bolsonaro: “Quem manda somos nós”.
Jair Bolsonaro fez uma
declaração no Rio de Janeiro, na sede da Federação das Indústrias, dizendo que
é o Congresso que decide e que vota. É claro. O Congresso que vota e que se
responsabiliza pelo que votar.
O noticiário está falando
o óbvio, dizendo: “Os congressistas, para não serem responsabilizados pela
volta de 29 ministérios gastadores, vão aprovar a reforma administrativa”. Isso
é o óbvio.
Os congressistas são
responsáveis por aquilo que aprovam, modificam e negam. Eles são os
responsáveis. Na Constituição brasileira – que é meio Frankenstein -, tal como
foi feita em 1988, o presidente tem responsabilidade de governar, mas não tem
os poderes para governar; e o Congresso que tem esses poderes, não tem a
responsabilidade.
O Congresso vai votar sim
a reforma administrativa, e tem que votar também a MP que abre o espaço aéreo
doméstico brasileiro para empresas de capital estrangeiro.
Rompimento
O acordo saiu mesmo com o
anúncio de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, está rompido com o líder
do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo. O motivo é que Vitor Hugo
teria encaminhado uma charge que mostra que negociar para Rodrigo Maia significaria
um saco de dinheiro. Algo como Judas, assim.
Rodrigo Maia, claro, não
gostou. Ele tomou como injúria e difamação. Por isso teria cortado relações com
o líder do governo. O que o governo vai fazer tendo um líder que não é recebido
pelo presidente da Câmara? Fica uma coisa estranha.
Aliás, a líder do governo
no Congresso, a deputada Joice Hasselmann, já havia criticado o líder do
governo na Câmara. Aquela história de bater cabeça e que enfraquece a posição
do governo dentro do Congresso. Não precisa nem a oposição agir porque os egos
dentro do governo talvez sejam muito fortes.
Bem-estar
O que a gente notou desse
bem-estar em relação à MP, se nota também sobre a reforma da Previdência, tanto
que a bolsa reagiu com altas muito fortes nos dois últimos dias.
Acontece que o presidente
da República, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, fez uma
declaração muito positiva dizendo que o Congresso é que modifica as propostas
do governo – que aprova ou recusa. E, obviamente, o Congresso que é
responsável, como eu disse.
Ele fez essa declaração
positiva e teve resultados positivos na Bolsa de Valores e no Congresso. O
presidente descobriu que uma fala dele pode causar resultados negativos ou
positivos, dependendo do tom. Talvez isso seja uma boa bússola para o
presidente avaliar cada vez que fizer uma declaração.
Mudando de assunto…
Só para lembrar: Lula é um
recordista de recursos judiciais – negados inclusive. Agora tem outro
recordista: Renan Calheiros. Ele é recordista em investigações arquivadas. Foi
arquivada a sétima investigação dele a pedido da Procuradoria-Geral da
República.
A ministra relatora Cármen
Lúcia simplesmente arquivou. Tratava-se de uma suspeita sobre um valor de R$
5,7 milhões. Renan Calheiros sortudo, ninguém consegue achar provas contra ele
e nem consistência nas investigações.
Alexandre Garcia
Gazeta do Povo
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