A engrenagem do governo no
trato
com a política foi lubrificada
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Os analistas diziam que as
manifestações de domingo iriam criar atrito no Congresso, mas criaram
exatamente o oposto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com um espírito
político e democrático parece que foi alertado pelas críticas.
O próprio DEM - que é o
partido dele - está deixando bem claro que não faz parte daquele Centrão
fisiológico. Afinal, as mudanças que o governo está propondo são mudanças que
se alinham com os princípios do DEM: a reforma Tributária, abertura econômica,
liberalidade para a economia, facilidade, desburocratização e equilíbrio das
contas públicas com a reforma da Previdência. O DEM já se manifestou sobre isso
sob a liderança de ACM Neto, prefeito de Salvador.
Na quarta-feira (29), teve
mais um encontro de Rodrigo Maia e Bolsonaro. O presidente estava no Palácio do
Planalto recebendo o partido Novo para o café da manhã - um partido de gente
que traz novidade na política e de boas cabeças. Lá pelas tantas disseram que
haveria, no plenário da Câmara, uma homenagem ao artista e humorista Carlos
Alberto da Nóbrega, e Bolsonaro foi com eles a pé do Palácio do Planalto para a
Câmara.
Enquanto isso o presidente
da República, por uma questão de cortesia e uma espécie de prioridade, avisou
diretamente o presidente da Câmara que estava indo para a Câmara. Rodrigo Maia
estava em casa, ele se arrumou e foi correndo para lá.
Os dois sentaram na Mesa
Diretora do plenário, e assistiram à homenagem. E à tarde o Carlos Alberto da
Nóbrega apareceu no Palácio do Planalto: surgiu no momento em que o presidente
Bolsonaro recebia um grupo de senhoras e fez uma declaração de amor ao
Bolsonaro.
Foi um dia importante
porque depois o presidente recebeu ainda o PSL - que é o partido dele -,
recebeu o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - o novo
presidente da CNBB, Dom Walmor de Oliveira de Azevedo, que foi se apresentar
para o presidente da República.
Parece que foi lubrificada
a engrenagem do governo no trato com a política. O governo está deixando bem claro
que não vai ceder a troca-troca e nem a fisiologismo. Mas sim a cortesia e a
gestos de boa vontade, a troca de ideias, a conversação, a negociação de
objetivos.
Isso pelo país e não para
deixar o poder mais poderoso, ou fazer a popularidade do presidente, ou os
políticos receberem algum favor. E parece que os políticos também estão
entendendo essas mudanças.
Banco Central
Em outro encontro, o
presidente da Câmara se reuniu com o presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto - que tem ideias liberais e falou sobre a necessidade dessas
reformas, sobre a liberdade econômica e a reforma tributária, comentando a
importância de elas passarem com mais rapidez no Congresso.
Ele explicou uma ideia de
abertura cambial de modo que o brasileiro possa ter uma empresa brasileira de
exportação, comércio e importação e ter conta em real no exterior - e
vice-versa, com conta em dólar no Brasil - para facilitar o comércio internacional,
que é hoje a riqueza das nações e está muito em função desse comércio
internacional.
Por falar em riqueza...
Um setor que é responsável
pela nossa balança comercial nesses últimos anos de recessão, o setor
Agropecuário seria beneficiado com a Medida Provisória aprovada na Câmara dando
mais prazo para regularizar o cadastro ambiental. Lá também entrou um jabuti
facilitando a anistia para crimes ambientais. Porém, depois, o Senado decidiu
que vai deixar a medida caducar. Foi um dia bem movimentado entre os dois
poderes.
Mas o interessante é o que
o noticiário parece que deu destaque aos juízes da Ajufe (Associação de Juízes
Federais) que discordam de um pacto pelas reformas. Aí eu fico pensando: “Já
discordou do teto constitucional e agora vão discordar da reforma da
Previdência?”. Certamente é porque a reforma não vai incorporar o além-teto.
São essas questões que vem à tona quando aparecem essas manifestações.
Alexandre Garcia
Gazeta do Povo
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