Filhas solteiras da
Justiça
do Trabalho ganham salário
de ministro do TST
Três filhas solteiras
pensionistas do Tribunal Superior do Trabalho (TST) recebem o mesmo salário
pago aos ministros do tribunal – R$ 37,3 mil. A mais idosa, com 79 anos,
acumula duas pensões, assegurando renda bruta de R$ 61,7 mil. As 29
pensionistas beneficiadas custam R$ 5,4 milhões por ano aos cofres públicos.
Alguns Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) também pagam generosas pensões
para suas filhas solteiras.
Filha do ex-ministro Lopo
de Carvalho Coelho, Ana Maria Coelho recebe duas pensões no valor de R$ 37,3
mil, uma pelo TST e outra pelo Montepio Civil da União, um plano de previdência
fechado que beneficia dependentes de servidores civis, de juízes federais e
ministros de Tribunais Superiores.
Para efeito de limitação
do teto constitucional, são considerados 40% do valor da pensão do Montepio
porque esse percentual seria proveniente de recursos da União. Os outros 60%
são considerados de natureza privada porque resultaram de contribuições
voluntárias do instituidor da pensão. Assim, a pensionista Ana Maria sofre um
abate-teto de R$ 12,9 mil.
Conta ficou para a União
Criado pelo presidente
Marechal Deodoro da Fonseca em 1890, o Montepio Civil foi exterminado por
decisões da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Tribunal de Contas da União
(TCU). Em outubro de 2013, o tribunal determinou a suspensão das contribuições
e a supressão de novas pensões, alegando que era a União que bancava os
pagamentos. Mas também concluiu que o Poder Executivo manteria as pensões
concedidas até o momento da extinção do montepio. Ou seja, ficou tudo como
antes – uma despesa anual de R$ 72 milhões.
Há mais duas pensionistas
filhas de ex-ministros do TST, Maria Angélica Leal Pinto de Souza Moura, de 60
anos; e Maria Francisca Coelho de Vasconcellos, de 49 anos. Cada uma recebe
pensão de R$ 37,3 mil. Carolina Ferraz Xavier é beneficiária de pensão no valor
de R$ 33,2 mil como filha solteira maior de um ex-servidor do tribunal.
Maiores despesas
O maior número de
pensionistas filhas solteiras está no TRT do Rio de Janeiro. São 71
beneficiárias, sendo 24 dependentes de magistrados e 47 de servidores. O gasto
anual fica em R$ 9,3 milhões. Cinco filhas de magistrados recebem acima de R$
33 mil. Vinte e uma delas têm renda de R$ 11 mil a R$ 30 mil. A maioria (58)
está na faixa etária de 40 a 60 anos.
No TRT do Rio Grande do
Sul, 34 filhas solteiras recebem um total de R$ 5,7 milhões – quatro delas com
pensão igual ao salário de desembargador (R$ 35,4 mil). As 10 filhas de
magistrados têm renda média de R$ 22,3 mil. Entre as filhas de servidores, a
média é de R$ 9 mil. Quinze pensionistas têm idade entre 60 e 80 anos. Outros
TRTs procurados pela reportagem afirmaram que não contam com pensionistas
filhas solteiras maiores.
TST registra decisão do TST
Questionado pelo blog
sobre o acúmulo de pensões de Ana Maria Coelho, o TST afirmou que a pensionista
“tem direito a receber pensão civil paga por esta Corte no valor de R$
37.328,65 (correspondente ao subsídio de Ministro do TST) e pensão do Montepio
Civil da União em idêntico valor, a cargo do Ministério da Economia”
Com Gazeta do Povo
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