terça-feira, 26 de março de 2019






A raposa cuidando do galinheiro!

Não vou entrar no mérito da soltura do ex-presidente Michel Temer. Acusado de corrupção, ele foi preso e, alguns dias depois foi solto por ordem do desembargador Antonio Ivan Athié, do TRF-2. Até aqui, tudo bem, isto é, mais ou menos.

Acontece que o desembargador Athié, ficou afastado do cargo durante sete anos, alvo do Tribunal Superior de Justiça (STJ), acusado de estelionato e formação de quadrilha, em 2004. Suas atividades foram retomadas em 2011 por decisão do próprio STJ.

Eleito presidente da primeira turma especializada em direito penal, previdenciário e da propriedade industrial, o desembargador julgaria o habeas corpus de Temer, Moreira Franco e do coronel Lima, na sessão de amanhã, quarta-feira. Decidiu adiantar tudo e liberou os presos antes da data prevista.

Dá para se afirmar que isso é um fato quase corriqueiro na vida do desembargador. A primeira turma do TRF-2, é responsável julgamento da Operação Privat, um desdobramento da Lava Jato do Rio que investiga a Eletronuclear. Relator do processo contra o ex-presidente da companhia Othon Luiz Pinheiro, votou pela revogação da prisão do empresário, que havia sido determinada pelo juiz Marcelo Bretas.

Cabe ressaltar que na sessão de julgamento, o desembargador Antonio Ivan Athié comparou a propina a gorjeta, afirmando – “Nós temos que começar a rever essas investigações. Tudo é propina. Será que não é hora de admitirmos que parte desse dinheiro foi apenas uma gratificação, uma gorjeta? A palavra propina vem do espanhol e significa gorjeta”, destacou.

Além disso, Athié esteve envolvido em defender o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish, acusados de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Antes disso, Athié foi o único desembargador a defender a prisão domiciliar para Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, sob a justificativa de que ele precisaria cuidar dos filhos.

Ontem (25) o desembargador mandou soltar Temer, Moreira Franco e o coronel Lima, todos presos e acusados de atos de corrupção.

Fico imaginando se coisas semelhantes acontecem fora do Brasil. Um desembargador que ficou sete anos afastado sendo investigado por estelionato e formação de quadrilha, volta e não só retoma suas atividades normais como é eleito presidente de uma turma do TRF-2.

Por mais que muitos defendam sua atuação e seu “conhecimento jurídico”, impressiona o fato de ver um desembargador, que já foi altamente suspeito, decidir sobre assunto da mais alta relevância para o Brasil.

Athié, não tenham dúvidas, representa a raposa cuidando das galinhas.

Tenham todos um Bom Dia!

Nenhum comentário:

Postar um comentário