quinta-feira, 22 de novembro de 2018

➤BOM DIA!

A Flauta é livre!

Essa é uma história muito antiga no futebol. Principalmente aqui no Rio Grande do Sul onde, na realidade, temos apenas dois times. Aqui, quem não é colorado é gremista e vice versa. Alguns afirmam que torcem pelos times de suas cidades, mas todos são, de alguma forma, gremistas ou colorados.

A realidade é que, sem nenhuma dúvida, um depende do outro. Quando um está em alta, o outro está em baixa. E assim tem sido por todos os tempos. Mas é inegável que a grandeza de um está proporcionalmente ligada à grandeza do outro. Não existiria o Grêmio se não existisse  o Internacional, bem como não existiria o grande Inter se não existisse o grande Grêmio.

Pois foi da instabilidade de um e de outro que surgiu a expressão “a flauta é livre”. Existem torcedores, e não são poucos, que torcem muito mais pelo fracasso do adversário que propriamente pela vitória do time do coração. Pelo menos foi o que, mais uma vez, tive oportunidade de viver na noite de ontem.

Fiquei no meu escritório assistindo ao jogo do Internacional contra o Atlético Mineiro, duas equipes que demonstram a cada partida que não passam de times médios, sem craques e que já alcançaram, pela mediocridade de suas equipes, um patamar mais alto do que o merecido.

Aliás, o futebol brasileiro está em nível muito baixo como um todo. Se a senhora ou o senhor pensar um pouco, sem colocar o coração no lugar do cérebro, vai concordar que não temos, pelo menos até aqui, um grande time, um conjunto de destaque no Brasileirão. Salva-se o Palmeiras, que gastou muito e tem um plantel acima do razoável. O resto...

Ontem os dois times de Porto Alegre perderam. Derrotas que se explicam por si só. O Inter no Beira Rio e o Grêmio no Maracanã. Normal, pelo que apresentaram ou pelo que não apresentaram no campo. O colorado, então, deixou de ganhar a partida duas vezes por absoluta falta de um matador, de um centro avante que decida na hora que precisa. Já o tricolor gaúcho, repetiu os mesmos defeitos de sempre e, tirando a voluntariedade demonstrada sob o comando de Renato, que muito mais reclama e passa a culpa para o time, repetiu os erros de sempre e a dependência de um ou outro jogador que, caso não consiga jogar bem, prejudica todo o time.

Mas voltando ao título da crônica de hoje, logo após a derrota do Inter, gremistas da minha rua festejaram, gritaram soltaram foguetes e comemoram a derrota colorada como se festejassem a vitória do seu time. Esqueceram que o Grêmio jogaria logo a seguir.

A festa da torcida gremista murchou aos poucos e, aos poucos, o silêncio foi tomando conta dos que gritavam e soltavam foguetes. Quando o Flamengo fez  o segundo, muitos devem ter desligado a televisão e o rádio.

É a história da flauta livre. É a confirmação de que a derrota do adversário tem um sabor maior do que a própria vitória do time do coração. Foi o que aconteceu ontem: primeiro a festa, depois o silêncio.

Uma frase ficou na minha lembrança. Quando os gremistas soltaram os foguetes após o segundo gol do Atlético, alguém foi para a janela, certamente um colorado, e perguntou: “os foguetes sobraram da Libertadores?”

Definitivamente, na vitória ou na derrota, a flauta é livre!

Machado Filho

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