Dirceu
defende tirar poder do MP e diz que Lava Jato foi um dos maiores erros do país
Foto: Agência Brasil/Reprodução |
O ex-ministro petista
José Dirceu disse neste fim de semana em Teresina, capital do Piauí, que a Lava
Jato foi um dos maiores erros do país e defendeu tirar poder de investigação do
Ministério Público. Condenado a 30 anos e 9 meses de prisão pelo Tribunal
Regional Federal da 4ª Região por crimes investigados pela própria Lava Jato,
ele foi solto por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e pode aguardar em
liberdade enquanto tem chance de reverter a condenação em tribunais superiores.
Enquanto
isso percorre o país divulgando seu livro “Memórias” e articulando apoios para
Fernando Haddad (PT) num eventual segundo turno e num eventual governo – o que
inclui uma reaproximação com o MDB, partido decisivo para o impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff. Em
Teresina, em entrevista ao programa Café com Informação, o ex-ministro, homem
forte do governo Lula, criticou a condução coercitiva, a condenação – segundo
ele, sem provas – e a prisão do ex-presidente.
“A Lava Jato se
transformou num dos maiores erros do país, num balanço isso vai ficar claro.
Todos os empresários fizeram delação e ficaram com seus bens. Todas as empresas
quebraram, ou estão inabilitadas, ou praticamente paralisadas”, disse Dirceu. O
petista alega que a força-tarefa estagnou o país, que antes era um
dos maiores construtores de siderúrgicas, estaleiros, rodovias,
ferrovias, metrôs, aeroportos, da América Latina. Hoje não se constrói mais
nada.”
O
petista defende que o combate a corrupção deve focar também no Judiciário e que
as ações da Lava Jato têm fins políticos e violam a Constituição. “Eles não
falam nunca. Os ministros do Supremo Tribunal Federal enchem a boca para falar
da corrupção endêmica e esquecem do Judiciário. E isso com a corregedora Eliana
Calmon fazendo um relatório final e dizendo depois em entrevistas que abafaram
as investigações nos tribunais de justiça e que o CNJ se transformou num órgão
corporativo, que defende os interesses e os privilégios do Judiciário e não faz
o controle externo” afirmou.
O
ex-ministro criticou também as investigações conduzidas pelo Ministério
Público, que segundo ele virou uma “polícia política”. “O Ministério Público
não pode investigar. Ele acusa. Quem investiga é a Polícia Federal e a Polícia
Civil. Quem decidiu isso? A Constituinte. Eles perderam essa votação na Constituinte”,
disse Dirceu, para em seguida defender a retirada do poder de investigação do
MP, garantido pelo STF.
“O Supremo
em 2016 deu poder de investigação ao Ministério Público. Qual o resultado?
Agora tem investigações sigilosas. Inclusive o ministro Gilmar Mendes tem
criticado. Tem que tirar o poder de investigação do Ministério Público.
O Ministério Público só é pra acusar. O Ministério Público virou uma polícia
política. Não há controle nenhum. E mais. Uma corporação com os maiores
privilégios que existem no país. É um escândalo a folha de pagamento de um
procurador da República. E foi quem mais combateu a reforma da Previdência.
Quem mais fez lobby contra a reforma da Previdência.”
“Tomada
do poder é questão de tempo”, disse Dirceu ao El País
Na
semana passada, em entrevista ao jornal “El País”, Dirceu afirmou que “é
uma questão de tempo” para os petistas retornarem ao poder, independentemente
do resultado das eleições. “Acho improvável que o Brasil caminhará para um
desastre total. Na comunidade internacional isso não vai ser aceito. E dentro
do país é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o
poder, que é diferente de ganhar uma eleição.”
Gazeta
do Povo
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