Nunca
me imaginei dizendo isto, mas... Pois neste momento que o País atravessa, em
que se testemunha um movimento popular nunca visto até agora - sem entrar em
considerações ou juízos de valor sobre suas motivações
sócio-político-ideológicas, pois não é isto o importante -, me trouxe uma
desagradável revelação: alguns dos grandes grupos de mídia estão, definitiva e
celeremente, se encaminhando pro fim.
E
a razão é simples: como qualquer fornecedor de serviços ou produtos, perderam a
confiança de grande parte de seus consumidores. A sucessão de manipulações de
notícias, seja por destacar algumas e esconder outras, por titular matérias de
forma propositadamente errada, por não dar a devida e necessária relevância a
determinados acontecimentos - por exemplo, ao que aconteceu no país neste
domingo -, enquanto mancheteiam informações graves que não se sustentam em
evidências, são a prova disto.
Os
jornais impressos e seus sites se "acanharam" em mostrar as multidões
nas ruas. O mesmo fizeram nos canais de TV aberta ou fechada. Destacam como
verdadeiros boatos e, no dia seguinte, sequer os suítam. Manchete num dia, nem
nota de rodapé no outro.
Estas
decisões "editoriais" equivocadas e claramente tendenciosas ou
"covardes" acabam potencializando os confrontos entre apoiadores dos
dois candidatos e elevando perigosamente a temperatura das eleições. Isto, pra
qualquer observador que tenha o mínimo bom senso, revela falta de ética e
irresponsabilidade.
Não
importa nem mesmo saber o que os levou a agirem assim, se foi por ideologia
política ou se por conveniência financeira dos seus negócios, mas alguns dos
até então grandes jornais e redes de televisão se apequenaram.
Viraram
folhetins, pasquins! E, com isto, não cumpriram seu compromisso com a
sociedade, que é fornecer uma informação acurada, íntegra, o mais perto
possível da perfeição.
Era
sabida e reconhecida a disruptura do negócio jornal/papel, sufocado no seu
modelo ultrapassado pelas novas tecnologias da informação.
Mas
o que se pode observar hoje é muito mais do que isto: é uma crescente e, quem
sabe, irreversível crise de confiança em relação a certas grandes empresas de
produção de conteúdos jornalísticos. Em quaisquer plataformas.
Quantos
de nós já não se informam por meios "alternativos", nos quais
encontramos o que procuramos com um grau de confiança elevado? As redes sociais
são avassaladoras, pro bem ou pro mal! Importante ter consciência disto! Mas
elas estão substituindo em uma velocidade inesperada os veículos
"tradicionais".
Aí fica uma questão extremamente delicada em
aberto: e o jornalismo de verdade - não este que se vê aí criando climas,
incentivando o conflito, distorcendo fatos -, aquele protagonista fundamental
nos regimes democráticos, como se sairá desta? Torço, como cidadão, que
empresários e sociedade organizada encontrem um caminho. E rápido! O
"vácuo" não pode ser ocupado por uma alternativa ainda pior do que as
que temos hoje...
*Jornalista
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