O candidato do PDT à
Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou na noite desta segunda-feira (17)
em entrevista ao Jornal da Globo que é contra a venda da Embraer à Boeing e
que, se for eleito, revogará o negócio. O presidenciável também afirmou que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não sabia do mensalão do PT, mas sabia
do esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.
Ele também falou sobre a
proposta para refinanciar as dívidas de 63 milhões de brasileiros, que prevê o
chamado “aval solidário” quando uma pessoa não puder quitar sua dívida.
Logo no início da
entrevista, o candidato do PDT se disse contra a venda da
Embraer à Boeing ou a qualquer outra empresa estrangeira. Para
Ciro, a fabricante de aeronaves é "estratégica" para o Brasil e, por
isso, deve continuar nacional.
Ele, porém, explicou que,
se for eleito, não trabalhará para estatizar a Embraer e se disse favorável a
mantê-la privatizada. Ciro disse ainda que, se for eleito, desfará o negócio
envolvendo a Embraer e a Boeing.
"Quando a Embraer foi
privatizada, o governo federal ficou com uma golden share, que é uma ação
especial, que dá ao governo o poder de vetar determinadas decisões
estratégicas. E aquilo é uma questão absolutamente sensível sob o ponto de
vista da defesa, da segurança nacional, da engenharia brasileira. É um de dois
lugares onde o Brasil ainda tem alguma potencialidade tecnológica: petróleo e a
Embraer. Dois produtos extraordinários foram desenvolvidos e na hora de
renderem bilhões para o Brasil e nós estamos permitindo, se isso se consumar eu
vou desfazer, que a Boeing feche a Embraer", disse o candidato.
"Eu sou nacionalista.
Eu não quero estatizar a Embraer. Não quero estatizar a Embraer, eu quero que a
Embraer siga nacional brasileira, o que é diferente. Ela hoje já é privada, e
eu não tenho nada contra ela ser privada. Foi privada que ela desenvolveu esse
estágio superior de ser a maior companhia mundial de jatos médios",
explicou.
Programa Nome Limpo
Ciro Gomes também falou
sobre a proposta, batizada de Nome Limpo, na qual se propõe a retirar mais de
63 milhões de brasileiros do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
Questionado sobre o
chamado "aval solidário", do qual não costuma falar, Ciro explicou
que trata-se da garantia que os bancos terão de que o débito será quitado pelos
devedores.
O "aval
solidário" consiste na formação de grupos de cinco ou dez pessoas que se
responsabilizariam umas pelas outras. Pelo sistema, se um dos membros não pagar
a prestação da dívida, os demais se responsabilizam pelo pagamento.
"São cinco a dez
pessoas. Porque quando você aluga uma casa [...] precisa ter um avalista.
Precisa ter um fiador. Quando um cidadão compra um carro financiado, ele fica
com reserva de domínio. Por que? Porque isso é a garantia. Porque eu quero que
o Banco do Brasil e a Caixa Econômica tenham garantias. E a garantia qual é?
Você reúne de cinco a dez pessoas e elas assinam solidariamente. Se a prestação
é R$ 40, dividindo por 36 meses, dá R$ 40 por mês. Dez pessoas juntas, se uma
delas falhar, elas têm que dividir, dá R$ 4 por mês, para cada avalista. Vamos
concordar que isso é o mínimo de solidariedade comunitária que o nosso povo
está cansado de fazer", explicou.
Lula e escândalos de
corrupção
Ciro também foi
questionado na entrevista sobre a relação com o ex-presidente Lula e o PT - ele
foi ministro da Integração Nacional no primeiro mandato do petista - e sobre o
fato de criticar
reiteradamente a candidatura de Fernando Haddad, mas poupar Lula de
críticas.
Segundo Ciro, ele e Lula
são amigos "há mais de 30 anos" e que o ex-presidente, que está preso
em Curitiba após ser condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro,
"nem é satanás, como os coxinhas e os radicais de direita no Brasil querem
fazer [parecer], e nem é esse deus que certa fração religiosa radicalizada do
PT quer, também, transformar".
“O Lula escolheu o
[Antonio] Palocci, que está preso, para comandar a economia brasileira por oito
anos. Será que ele mesmo, Lula, acha que foi uma escolha acertada? O Lula
escolheu a Dilma [Rousseff], que é uma pessoa honrada, mas desastrou o país. O
Lula escolheu Michel Temer. Com a popularidade farta e generosa, merecida,
escolheu Michel Temer e cravou Michel Temer na linha de sucessão do Brasil. E
tudo isso eu protestei na hora. O Lula escolheu o Haddad recentemente. Eu não
falo mal do Haddad. O Haddad é um amigo meu. Estou discutindo porque estamos
num debate. [...] É razoável que a gente exponha o Brasil a esse risco?”,
explicou.
Logo depois, Ciro Gomes
foi questionado sobre as responsabilidades que, para ele, Lula teve nos
escândalos do mensalão do
PT e na Petrobras.
Segundo o candidato do PDT, o ex-presidente “não sabia” do esquema de compras
de voto em seu governo, mas sabia que os partidos políticos buscavam indicações
na Petrobras “para roubar”.
“No mensalão, eu estava lá
[no governo, como ministro]. De fato, ele não sabia. Eu tenho razões genuínas
para acreditar que, de fato, ele falou a verdade quando disse que não sabia. No
‘petrolão’, não dá. No ‘petrolão’, simplesmente não dá porque não é que ele
sabia que as pessoas estavam roubando, mas ele sabia que as pessoas estavam
procurando as indicações para roubar. Isso aí, infelizmente, eu por exemplo
falei pra ele várias vezes do Sérgio Machado [ex-presidente da Transpetro]”,
afirmou Ciro.
Portal G1
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