Esdrúxula a gritaria do PT
contra os ministros do Supremo Tribunal Federal, acusados por ele de
perseguição a Lula e ao partido. Sete dos atuais 11 ministros foram escolhidos
por Lula e Dilma. Na semana passada, ao criticar o ministro Edson Fachin, a
senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, lembrou que ele fora cabo eleitoral
de Dilma.
Esdrúxula também a
gritaria do PT contra Temer. Foi Lula, nas eleições de 2010 e 2014, que indicou
Temer para substituir Dilma nas suas ausências e em eventual caso de
impedimento. É para isso, segundo a Constituição, que serve um vice. Temer
serviu também para garantir o apoio do PMDB ao segundo governo Lula e aos dois
de Dilma.
Mais esdrúxula ainda é a
gritaria do PT em torno do que chama de “destruição do Estado de Direito no
Brasil” desde que Dilma foi apeada do poder há quase dois anos. Ora, na medida
em que mesmo assim opera normalmente, lança candidatos e disputa eleições, o PT
acaba legitimando o que insiste em denominar de “golpe”.
Para ser coerente, se
eleição sem Lula é fraude, o PT não deveria disputá-la – mas disputará, e em
breve substituirá Lula por Fernando Haddad, candidato a presidente nas eleições
de outubro. Se o que derrubou Dilma foi mesmo um golpe aplicado pelo Congresso
e com o apoio da Justiça, o PT avalizou-o por ter participado de todas as suas
fases.
Querem maior reconhecimento
da parte do PT de que a democracia funciona no Brasil do que ele entrar com 78
recursos na Justiça para anular o processo que condenou Lula a 12 anos de
prisão? Por inútil, não se apela a uma Justiça golpista. Nem se cobra a uma
mídia golpista mais espaço para divulgar as atividades de um político preso.
Publicado no portal da
VEJA em 01/07/2018
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