A insatisfação do brasileiro com os políticos e sua pouca
disposição para votar ficaram demonstrados mais uma vez na eleição suplementar
em segundo turno para governador realizada, ontem, no Estado do Tocantins.
Mais da metade dos eleitores aptos a votarem preferiu não
fazê-lo. Ou votou em branco. Ou anulou o voto. No primeiro turno, em junho
último, os dois candidatos mais votados tiveram, juntos, 302 mil votos.
Abstiveram-se 305 mil eleitores.
No ano passado, em eleição suplementar em segundo turno
para governador do Amazonas, quase metade dos eleitores – mais de um milhão –
absteve-se. Ou votou em branco. Ou anulou o voto. Tem sido assim nas eleições
de 2016 para cá.
Também ontem, 34% dos eleitores de Cabo Frio, no Rio de
Janeiro, recusaram-se a escolher o novo prefeito da cidade. Em Rio das Ostras,
também no Rio, a abstenção na eleição para prefeito foi de 21%. Votos nulos e
brancos, 14%.
Há três meses, o Instituto de Pesquisas Sociais,
Políticas e Econômicas (Ipespe) ouviu 1.200 eleitores para avaliar seus
sentimentos em relação às eleições de outubro próximo. 83% dos pesquisados
disseram ter emoções negativas.
Que emoções negativas? Preocupação (33%), indignação ou
raiva (27%), tristeza (12%) e medo (11%). Nada sugere que até outubro possa
haver uma reversão em um quadro de tamanha descrença, desinteresse e falta de
esperança no ato de votar.
Portal Revista VEJA
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