Antonio Lucena/VEJA/Reprodução |
No dia seguinte à sua eleição
para presidente da República em 2002, reunido em um hotel da capital paulista
com os principais membros de sua campanha, Lula foi logo advertindo:
– Nesta sala, as únicas
pessoas votadas e eleitas fomos eu e o José Alencar.
Em seguida, comentou que
haveria lugar para todos eles no seu governo. De fato, estava preocupado com a
disputa de cargos. E queria reforçar a sua autoridade e prestigiar Alencar, seu
vice. Condenado a 12 anos e um mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro,
impedido de ser candidato, Lula não tem mais cargos para oferecer a ninguém,
mas tem votos.
E é por tê-los, como
mostram todas as pesquisas, que subjuga o PT à sua exclusiva vontade de seguir
dizendo que apesar da lei, ele será candidato em outubro, e só deixará de ser
quando quiser.
Parte dos seus acólitos
acredita que Lula é um sábio, quase não erra. E que ao se apresentar como
candidato, só se fortalece para na hora certa abençoar outro nome e
transferir-lhe seus votos.
Outra parte dos acólitos
acha que Lula erra quando adia a escolha de outro nome, e que isso poderá
prejudicar o desempenho do partido. Mas não tem coragem para opor-se a ele.
A mais recente pesquisa
Datafolha foi celebrada pelo PT como uma prova a mais da força eleitoral de
Lula, de como ele continua vivo na memória coletiva e de como tem razão em se
dizer candidato.
A pesquisa, porém, trouxe
uma informação que o PT preferiu ignorar. Há um ano, quando perguntados em quem
pretenderiam votar para presidente, 15% dos eleitores diziam o nome de Lula.
Agora, só 10% dizem a
mesma coisa. Lula perdeu, portanto, 1/3 da intenção de voto espontânea.
Certamente porque os eleitores, aos poucos, estão se convencendo de que ele não
será candidato.
Quanto mais o PT demorar a
indicar um candidato à vaga de Temer, mais eleitores de Lula se sentirão à
vontade para fazer suas escolhas pessoais sem esperar uma ordem de cima.
Elementar.
O PT parece estar para
Lula como milhares de pessoas nos anos 70 do século passado estiveram para
James Warren “Jim” Jones, fundador e líder nos Estados Unidos do culto Templo
dos Povos.
Em novembro de 1978, na
Guiana inglesa, pouco mais de 900 fiéis de Jim Jones, estimulados por ele,
espontaneamente tomaram veneno e morreram. Foi o maior caso de suicídio
coletivo até hoje.
Em uma fita gravada na
ocasião, ouve-se a voz do pastor dizendo: “Cometemos um ato de suicídio
revolucionário para protestar contra as condições de um mundo desumano”.
Portal VEJA
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