General Villas Bôas |
Sempre que se via
contrariado, João Figueiredo, o último presidente da ditadura militar de 64, ameaçava
chamar o Pires.
O Pires de Figueiredo era o general Walter Pires,
ministro do Exército, sempre disposto a botar para quebrar.
O presidente José Sarney,
empossado pela junta médica que cuidou do presidente enfermo Tancredo Neves,
tinha seu Pires.
Era o general Leônidas Pires Gonçalves, ministro do
Exército, um Pires menos brucutu, mas assim mesmo um Pires.
Foi Leônidas, com um exemplar da Constituição nas
mãos, quem disse primeiro que Sarney sucederia a Tancredo.
Ele foi decisivo para que Sarney arrancasse da
Constituinte de 1988 o mandato de cinco anos como queria, e não de quatro.
O presidente Michel Temer imaginou que o general
Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, poderia ser o seu Pires.
Não se sabe o que os dois conversaram recentemente sob
rigoroso sigilo e por iniciativa de Temer.
Mas se para enfrentar a greve dos caminhoneiros Temer
precisava de um Pires como Walter ou Leônidas, faltou-lhe um.
Temer chamou o Exército para desbloquear as estradas e
fazer mais o que fosse necessário. Villas Bôas fingiu ouvir.
Helicópteros do Exército sobrevoaram estradas,
pequenos contingentes de tropas apareceram aqui e acolá, e foi só.
Os militares da ativa se recusam a fazer o trabalho
sujo que os políticos querem jogar no seu colo.
Os de pijama até que topariam fazer – mas cadê tropas
para isso? Disparam nas redes sociais e depois vão jogar dominó.
Quem pariu Mateus que o embale. Lula, Dilma, Temer não
foram paridos na caserna.
Bolsonaro é coisa do baixo clero de farda. General não
bate continência para capitão. Jamais para um suspeito de traição.
Publicado no
portal da Revista VEJA em 28/05/2018
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