O vereador Marcello Siciliano (PHS),
indicado por uma testemunha como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco,
teve pelo menos duas conversas telefônicas com supostos milicianos captadas
pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os áudios foram divulgados neste domingo
pelo programa Fantástico, da
Rede Globo.
Em uma das conversas, o parlamentar chama um suposto
miliciano de “irmão”. Este pede para que o vereador acione o 31º Batalhão da
Polícia Militar, no bairro do Recreio, Zona Oeste do Rio de Janeiro, para que
faça uma blitz e pegue um bandido que teria matado um “amigo” dos milicianos.
“Vou mandar botar agora. Na volta eu passo aí. Beijo”, responde Siciliano,
despedindo-se com a frase “te amo, irmão”.
No outro telefonema, o vereador pede ajuda para tocar um
projeto em uma área dominada pela milícia, segundo as investigações. “O garoto
ia começar a fazer o projeto lá hoje, aí o rapaz falou: ‘Não, não vai fazer
nada, não”. O miliciano responde que ele poderia ir; e Siciliano, então,
pergunta: “Eu posso ir atrás lá da pessoa pra resolver no teu nome”.
Em nota, o vereador, que já tinha classificado as declarações da testemunha como “factoides”,
reafirmou que “nunca teve envolvimento com milícia”. “Conforme noticiado pela
imprensa, ele já foi investigado em inquérito realizado pela Delegacia de
Repressão às Ações Criminosas Organizadas e não foi indiciado, nem denunciado
pelo Ministério Público”, afirmou. Ele também se colocou à disposição das
autoridades para prestar esclarecimentos e disse “confiar no trabalho de todos
os envolvido pra desvendar esse crime bárbaro, no qual, de forma covarde e absurda,
um criminoso tenta envolver o seu nome”.
A testemunha, que não teve o nome divulgado, diz ser
policial militar e miliciano, e que resolveu procurar a polícia depois de ter
sido ameaçada de morte pelos supostos mandantes do crime. Segundo o delator, haviam
quatro pessoas no carro que interceptou o automóvel onde estava Marielle e o
motorista Anderson Pedro Gomes, mortos a tiros no dia 14 de março no centro do
Rio de Janeiro – um policial militar da ativa, um ex-PM e dois milicianos.
O delator também apontou o ex-chefe de uma milícia na
Zona Oeste do Rio Orlando Oliveira de Araújo, mais conhecido como Orlando
Cucirica, como mandante do crime junto com o vereador. Ele está preso em Bangu
desde outubro do ano passado, acusado de comandar confrontos relacionados às
milícias, o que envolveria cobrança de taxa a comerciantes e até assassinatos.
A defesa de Cucirica diz que a testemunha não tem
credibilidade por ser um rival do seu cliente. Ao Fantástico, o advogado de Cucirica,
Renato Darlan, ainda afirmou que o delegado titular de Homicídios, Giniton
Lages, tentou convencer o miliciano a confessar o envolvimento no crime,
ameaçando-o de lhe imputar mais dois homicídios. A polícia confirmou que
Lages esteve no presídio para pegar o depoimento de Cucirica, mas não quis
comentar as acusações.
Portal Revista VEJA
Nenhum comentário:
Postar um comentário