Dá para entender por que Michel Temer desistiu de se
candidatar à reeleição e agora oferece seus préstimos para evitar a
fragmentação do centro direita nas eleições de outubro próximo?
Dada às
circunstâncias que ele começou a enfrentar, o melhor que tinha a fazer era sair
discretamente de cena, mas sem sair por completo. A barra começou a pesar para
o lado dele.
Avolumam-se os
indícios, quase provas, de que a reforma em São Paulo da casa de sua filha
Maristela foi paga com dinheiro da Odebrecht repassado pelo coronel Lima, o faz
tudo de Temer.
A Polícia
Federal descobriu que o advogado José Yunes, amigo de Temer há mais de 40 anos,
intermediou de fato a entrega de dinheiro ao ministro Eliseu Padilha, chefe da
Casa Civil.
Mais que isso:
Yunes teria embolsado de duas vezes R$ 1 milhão da Odebrecht, parte dos R$ 10
milhões prometidos pela construtora a Temer durante jantar no Palácio do Jaburu
em 28 de maio de 2014.
Na época,
Temer era vice-presidente e ainda não conspirava para derrubar Dilma Rousseff.
A Polícia Federal apenas investigava um posto de gasolina que lavava dinheiro
em Brasília. A Lava Jato estava incubada.
Uma eventual
terceira denúncia de corrupção contra Temer dará em nada na Câmara dos
Deputados que não terá tempo de votá-la em ano eleitoral. Mas a sombra dela já
bastou para fazer Temer encolher-se.
Lula começa a ser abandonado
O luto da esquerda está perto do fim
Uma vez feitas todas as vênias possíveis a Lula, o
governador Flávio Dino (PC do B), do Maranhão, disse à Folha de S. Paulo que
seu partido, o PT e o PSOL deveriam apoiar a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à
sucessão do presidente Michel Temer. Pois Ciro, segundo as pesquisas, é quem
herdaria de Lula a maior quantidade de votos.
Segundo Dino, “o ponto de interrogação que está dirigido,
sobretudo ao PT, é se nós queremos uma eleição apenas de resistência, de marcar
posição, eleger deputados, ou ganhar a eleição presidencial”. E aduziu: “Temos
chance de ganhar porque o pós-impeachment deu errado. O fracasso do Temer é o
fracasso da alternativa que se gestou a nós.”
O governador do Maranhão é mais um a descartar a
candidatura de Lula e a sugerir apoio a Ciro. O primeiro foi Rui Costa (PT), da
Bahia. Jaques Wagner (PT), ex-governador baiano, ex-ministro de Lula e Dilma, e
agora candidato ao Senado pensa como Dino e Costa, embora tenha visitado Lula e
saído de lá dizendo que só “existe plano L”.
O período de luto da esquerda pela morte precoce da
candidatura de Lula começa a passar a cinco meses das eleições. Por razões
compreensíveis, porém, não passará tão cedo para o PT. Se depender de Lula,
simplesmente não passará. Ele mandou dizer pelo teólogo Leonardo Boff que é
“candidatíssimo”. O PT é seu refém.
Publicado no portal da Revista VEJA em 08/05/2018
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