terça-feira, 8 de maio de 2018

➤Blog do Noblat

Estreita-se o cerco a Temer e aos seus amigos

Dá para entender por que Michel Temer desistiu de se candidatar à reeleição e agora oferece seus préstimos para evitar a fragmentação do centro direita nas eleições de outubro próximo?

Dada às circunstâncias que ele começou a enfrentar, o melhor que tinha a fazer era sair discretamente de cena, mas sem sair por completo. A barra começou a pesar para o lado dele.

Avolumam-se os indícios, quase provas, de que a reforma em São Paulo da casa de sua filha Maristela foi paga com dinheiro da Odebrecht repassado pelo coronel Lima, o faz tudo de Temer.
A Polícia Federal descobriu que o advogado José Yunes, amigo de Temer há mais de 40 anos, 
intermediou de fato a entrega de dinheiro ao ministro Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil.

Mais que isso: Yunes teria embolsado de duas vezes R$ 1 milhão da Odebrecht, parte dos R$ 10 milhões prometidos pela construtora a Temer durante jantar no Palácio do Jaburu em 28 de maio de 2014.

Na época, Temer era vice-presidente e ainda não conspirava para derrubar Dilma Rousseff. A Polícia Federal apenas investigava um posto de gasolina que lavava dinheiro em Brasília. A Lava Jato estava incubada.

Uma eventual terceira denúncia de corrupção contra Temer dará em nada na Câmara dos Deputados que não terá tempo de votá-la em ano eleitoral. Mas a sombra dela já bastou para fazer Temer encolher-se.

Lula começa a ser abandonado
O luto da esquerda está perto do fim

Uma vez feitas todas as vênias possíveis a Lula, o governador Flávio Dino (PC do B), do Maranhão, disse à Folha de S. Paulo que seu partido, o PT e o PSOL deveriam apoiar a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à sucessão do presidente Michel Temer. Pois Ciro, segundo as pesquisas, é quem herdaria de Lula a maior quantidade de votos.

Segundo Dino, “o ponto de interrogação que está dirigido, sobretudo ao PT, é se nós queremos uma eleição apenas de resistência, de marcar posição, eleger deputados, ou ganhar a eleição presidencial”. E aduziu: “Temos chance de ganhar porque o pós-impeachment deu errado. O fracasso do Temer é o fracasso da alternativa que se gestou a nós.”

O governador do Maranhão é mais um a descartar a candidatura de Lula e a sugerir apoio a Ciro. O primeiro foi Rui Costa (PT), da Bahia. Jaques Wagner (PT), ex-governador baiano, ex-ministro de Lula e Dilma, e agora candidato ao Senado pensa como Dino e Costa, embora tenha visitado Lula e saído de lá dizendo que só “existe plano L”.

O período de luto da esquerda pela morte precoce da candidatura de Lula começa a passar a cinco meses das eleições. Por razões compreensíveis, porém, não passará tão cedo para o PT. Se depender de Lula, simplesmente não passará. Ele mandou dizer pelo teólogo Leonardo Boff que é “candidatíssimo”. O PT é seu refém.

Publicado no portal da Revista VEJA em 08/05/2018

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