A oposição burra perde de novo*
Ricardo Noblat
No dia em que poderia ter celebrado sua única vitória
política desde a queda da presidente Dilma Rousseff, a oposição ao governo
do presidente
Michel Temer preferiu ser derrotada mais uma vez.
À tarde, ontem, o governo finalmente admitiu o que
tentava esconder desde o final do ano passado – que não tinha votos, e nem
terá, para aprovar a reforma da
Previdência Social, a joia da coroa.
À noite, a oposição (PT, PC do B e PSOL, uma vez que o
PDT pulou fora a tempo) colheu menos
de 80 votos para derrubar na Câmara dos Deputados o decreto de intervenção
federal no Rio de Janeiro.
Os argumentos usados para isso foram pífios. Do tipo: o
governo de Temer é ilegítimo; um governo dominado por uma quadrilha não
conseguirá enfrentar o crime organizado; o Rio não é o único estado violento.
De fato, não é o único. A violência urbana está em toda
parte. Mas o Rio é o único estado onde o crime organizado capturou parte do
aparelho policial e emprega aliados no governo.
Em qual outra cidade tão populosa como a do Rio
registra-se, em média, 10 tiroteios por dia? Em qual mais de 40% dos endereços
não recebem entregas postais por falta de segurança?
Seria razoável que, contrária à intervenção, a oposição
apontasse o que deveria ser feito emergencialmente para pelo menos inibir a
crise de segurança pública do Rio. Não, não apontou. Não tinha nada a propor.
A oposição é vítima da armadilha montada por ela mesma.
Para ela, tudo que a prejudica ou a contrarie é golpe, é um atentado à
democracia, é contra o povo.
O impeachment de Dilma foi golpe. Logo, a condenação de
Lula também. Logo, a intervenção será. Como teria sido golpe a reforma da
Previdência. Ela dispensou-se de pensar. Liga o piloto automático e vai em
frente.
A intervenção federal no Rio foi um ato de desespero de
um governo próximo do fim que já não tinha mais nada de relevante a fazer. Mas
está prevista na Constituição. E atende aos anseios dos cariocas.
É um paliativo, nada mais do que isso. Será temporária,
como está dito no decreto. Mas se impôs desde que o governador do Rio
reconheceu que perdera o controle sobre o aparelho policial do Estado.
Temer deu mais uma rasteira na oposição – menos porque
foi esperto, mas porque ela é burra e continua apostando no quanto pior,
melhor.
*Publicado no Portal Veja em 20/02/2018
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