Delegados da PF querem saída de diretor-geral
A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) vai encaminhar hoje ao presidente Michel Temer um pedido de substituição do diretor-geral da corporação, Leandro Daiello. A entidade atribui à gestão de Daiello a saída de delegados que integravam a força-tarefa da Lava Jato e vê risco de prejuízo às investigações com a permanência do atual chefe.
A decisão de abrir uma campanha explícita para derrubar o
diretor-geral – inédita na história da PF – foi aprovada em assembleia na
sexta-feira passada por 72% dos participantes. O movimento busca aproveitar a
provável mudança no comando do Ministério da Justiça para trocar também a
direção da PF.
Em nota, a associação afirma que, por falta de apoio da
direção, “delegados que coordenavam operações policiais foram deslocados para
outras áreas e locais, devido ao esgotamento físico, mental e operacional a que
são submetidos”.
O comunicado coincide com a saída do delegado Márcio
Adriano Anselmo da Lava Jato. Considerado um dos cabeças da operação, ele foi
transferido para a Corregedoria da PF no Espírito Santo, alegando justamente
“esgotamento físico e mental” depois de mais de três anos de
investigações.
Anselmo é o quinto delegado da PF a deixar a Lava Jato
desde o início da operação. Antes dele, foram deslocados os delegados Eduardo
Mauat, Luciano Flores, Duilio Mocelin e Erika Mialik Marena – especialista em
crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
Erika lidera a lista tríplice eleita por 1.330 dos 1.700
delegados em atividade no fim de maio do ano passado, quando do afastamento da
presidente Dilma Rousseff. Na carta que será apresentada hoje a Temer, a
associação volta a defender a substituição do atual diretor-geral por um dos
nomes da lista. Além de Erika, integram a relação os delegados Rodrigo Teixeira
e Marcelo Freitas, ambos de Minas Gerais.
A primeira vez que os nomes foram apresentados ao
presidente foi quando Temer tomou posse interinamente e nomeou Alexandre de
Moraes para o Ministério da Justiça. Agora a ADPF quer valer-se da saída de
Moraes, indicado para o Supremo Tribunal Federal, para emplacar um deles.
“Levando em conta que a atual direção da PF está à frente
da instituição há mais de seis anos, sem mudanças significativas nos cargos de
comando, sem modernização e avanços na gestão; considerando a vontade manifesta
da ampla maioria dos Delegados de Polícia Federal que, reunidos em assembleia,
decidiram apoiar a mudança da direção geral e a indicação de um dos
representados em lista tríplice já votada e aprovada”, diz trecho da carta.
Agência Estado
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