E se der certo?
Faz muitos anos que vejo o Estado inchar de uma maneira
descontrolada. A máquina pública foi se tornando, ano após ano, num bicho de
não sei quantas cabeças que devora tudo. Não há dinheiro para nada, os serviços
ficam cada vez piores e a população, que paga todas as contas, reclama, com
razão, do péssimo atendimento em repartições públicas, da falta de segurança,
da inexistência de atendimento médico digno, de educação precária.
Alguns órgãos públicos se transformaram em verdadeiros cabides
de emprego com muito mais funcionários do que o necessário. Existem
instituições no Estado que poderiam, tranquilamente, funcionar com metade do
número de servidores, mas fazem concursos de tempo em tempo para ‘completar’ o
quadro.
Agora, com a aprovação de itens do pacote de medidas, que
são duras, encaminhado pelo governador Sartori, muitos funcionários públicos
perderão o emprego, exatamente num momento em que a
crise econômica que se instalou no Brasil é mais aguda.
É lamentável dizer, mas depois de décadas vendo a máquina
pública sendo transformada em monstro devorador de arrecadações, era certo que
a hora temida chegaria. E chegou. Se vai dar certo ou não, é uma incógnita, mas
não tenho nenhuma dúvida que este tipo de ação teria que acontecer. Mais sedo
ou mais tarde o escoadouro teria que ser trancado para evitar males maiores no
futuro.
O que não podemos admitir é que o sacrifício de alguns não
resulte em benefícios maiores para a imensa maioria que depende de serviços
públicos. Se tivermos mais segurança, mais qualidade na educação e atendimento
digno na área da saúde, estaremos no lucro. Caso contrário, as mudanças
aprovadas pela Assembleia terão sido em vão.
O que não é mais possível admitir é ouvir deputados
chamando governos de ‘mixuruca’, ver militantes enfrentando a Brigada Militar,
vândalos incendiando e quebrando tudo pelo simples fato de que são mandados
incendiar e quebrar, não importa o que.
Claro que muitos estão sentindo na carne e na alma o que
ninguém gostaria de sentir. Muitos dos que hoje estão perdendo seus empregos,
são servidores públicos na concepção exata do termo. A maioria, por caráter e
dignidade, passou anos trabalhando para garantir o emprego de quem buscou o
serviço público apenas para fazer política partidária, se aproveitar de uma
efêmera estabilidade e pensar que o futuro jamais chegaria. Chegou, sim, e
trouxe com ele o fim de muitos privilégios para alguns que, lamentavelmente, se
beneficiaram deles enquanto colegas seus trabalhavam. Hoje, ou amanhã, não sei,
todos estarão desempregados. O justo, como sempre, pagará pelo pecador.
A nós, contribuintes que sempre pagamos as despesas que
se avolumaram durante anos e anos com o inchaço da máquina pública, resta
torcer para que tudo aconteça da melhor maneira possível. Até que me provem o
contrário, acredito que as medidas servirão, pelo menos, de alerta para quem
nunca acreditou que um governador seria capaz de fazer o que Sartori está
fazendo.
Então, fico me perguntando: e se der certo?
Tenham todos um Bom Dia!
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