É triste demais!
Quando liguei o rádio do carro, mais ou menos às 07 e 20
de hoje, tomei conhecimento da notícia que dificilmente esquecerei até o final
da minha vida. O avião que levava a delegação da Chapecoense para jogar a
primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional,
caiu nas montanhas de Medellin. Entre atletas, comissão técnica, jornalistas e
tripulação, 76 pessoas morreram. Cinco sobreviveram. Era a notícia da maior
tragédia envolvendo o futebol brasileiro.
Estacionei perto do antigo Estádio Olímpico e fiquei
escutando as informações que chegavam da Colômbia. Foi quando fiquei sabendo
que entre os mortos estavam figuras que conheci no futebol durante minha vida
de repórter nas rádios Gaúcha e Farroupilha.
Mário Sérgio foi com quem tive mais tempo de convivência.
Eu era setorista e ele jogador do Internacional. Uma figura fantástica, um ser
humano fácil de definir pelas características diferenciadas de vida. Mário
Sérgio, “o vesgo” como era conhecido entre seus companheiros de clube, sempre
tinha um sorriso, uma palavra amiga para quem procurava por ele. Tinha uma atenção
especial para com a imprensa. Batemos longos papos, dividimos muitas histórias
e fui testemunha de jogadas maravilhosas proporcionadas por ele. Um craque!
Com Caio Júnior praticamente não convivi. Ele chegou ao
Grêmio quando eu já estava me despedindo do rádio. Mesmo assim fiquei sabendo
do quanto deixou de amigos por aqui, tanto como atleta como treinador. Era no
dizer de quem o conhecia bem, uma figura diferenciada, amável e atenciosa.
Outro craque, dentro e fora dos gramados.
Os jovens Alan Ruschel e Follmann apareceram muito tempo depois
para o futebol. Não são do meu tempo. Estão entre os sobreviventes, quem sabe
para mostrar ainda mais que a vida segue e que todas as tragédias, por maiores
e mais tristes, acabam deixando marcas que o tempo não apagará, mas trazem com
elas a esperança de que um detalhe pode fazer a diferença, felizmente como no
caso, para melhor. Os sobreviventes podem ser o alicerce para o futuro, a força
para quem ficou para chorar os que partiram.
Muitos companheiros jornalistas que seguiam com a
delegação para a cobertura do jogo, também morreram. Imagino que, como fiz nas inúmeras
coberturas das quais participei, estavam permanentemente trabalhando.
Jornalista tem a mania de não parar nunca. Há sempre uma notícia em qualquer
lugar que estejamos. Eles estavam lá, infelizmente cumprindo sua última jornada
de trabalho.
Realmente é triste demais!
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