Caminho único
Ibsen Pinheiro*
Incrível como a
iniciativa do governador Sartori, encaminhando à Assembleia Legislativa o chamado
pacote de medidas destinadas a recompor as finanças do Estado, alcançou uma
repercussão ao mesmo tempo imensa e diversificada entre os favoráveis e os
contrários. Não os definira como dois times, pois nesta hipótese teriam que
ter números idênticos, 11 contra 11.
Contrários são aqueles que se declaram diretamente
atingidos, ou a maioria deles; favoráveis são todos os outros gaúchos. Mas
existe entre eles uma semelhança: todos conhecem a causa, que consiste na
calamitosa quebra das contas públicas como resultado de passadas políticas
desastrosas pela incompetência ou a demagogia, quando não por ambas.
Não sendo um time contra outro, pode-se avaliar que são
alguns, talvez milhares, contra os milhões de gaúchos atingidos pelo prejuízo
imposto aos serviços públicos essenciais e que estarão, direta ou
indiretamente, entre os beneficiários da aprovação. E quando as galerias
estiverem lotadas para acompanhar a votação, não haverá proporcionalidade na
distribuição dos assentos, porque nesse caso à minoria não caberiam mais do
algumas escassas testemunhas.
Se tantos beneficiários aparecem tão pouco e poucos
atingidos aparecem tanto, qual será o mistério? Não há nenhum mistério, pelo
menos desde que Maquiavel matou a charada quando ensinou que toda a mudança
útil e necessária atinge, quando não prejudica, alguns interesses minoritários,
nem todos injustos, mas todos os titulares desses direitos se mobilizam com
grande energia e visibilidade.
E os outros? Os outros, na grande maioria, não sabem do
resultado positivo que virá, se é que minimamente conhecem o processo de
mudanças em curso. Por isso é difícil mudar para melhor nas complexas regras do
jogo democrático. Discutir e votar é o caminho. Por ser amargo, certamente não
é o melhor dos caminhos, é o único. Sem exagero: ÚNICO!
*Deputado estadual e presidente do PMDB-RS.
Publicado em
ZH de 25/11/2016
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